As mensagens trocadas entre o policial federal Marcelo Araújo Bormevet e o sargento Giancarlo Gomes Rodrigues, ambos atuantes no Centro de Inteligência Nacional da Abin, na gestão de Alexandre Ramagem, incluíram questionamentos sobre a assinatura do decreto. Esses ex-auxiliares diretos de Ramagem foram detidos preventivamente durante a quarta fase da operação. Os investigadores pretendem usar os diálogos da dupla, juntamente com outras evidências de espionagem contra autoridades e jornalistas, para embasar os inquéritos das fake news, das milícias digitais e dos atos antidemocráticos.
Além dos presos Marcelo Bormevet e Giancarlo Rodrigues, outro policial federal, Carlos Magno, é apontado como elo entre as ações clandestinas na chamada “Abin paralela” e os delitos cometidos durante os ataques do dia 8 de janeiro. A PF atribui a Bormevet e Magno a difusão de desinformação, inclusive ligada à incitação das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições de 2022, através de perfis falsos.
A investigação aponta que os envolvidos na estrutura clandestina da Abin mantinham contato com membros do núcleo político, incluindo o presidente Bolsonaro. A disseminação de fake news, incitação das Forças Armadas e convocações para paralisações eram parte das ações coordenadas entre estes grupos que atuavam para atender aos interesses do alto escalão da organização, conforme relatado pela PF.
Os desdobramentos da Operação Última Milha deixam claro que a interferência em instituições democráticas e a propagação de desinformação foram realizadas de forma integrada por diferentes setores do governo de Bolsonaro. A complexidade e gravidade das ações destacadas pela PF ressaltam a importância de investigações contínuas e a responsabilização dos envolvidos para a preservação do Estado de Direito e da democracia no Brasil.