INTERNACIONAL – Terceiro rascunho da COP28 exclui previsão para eliminar combustíveis fósseis e gera polêmica entre países produtores.



O terceiro rascunho do texto da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima de 2023 (COP28) foi divulgado nesta segunda-feira e trouxe alterações significativas em relação às duas primeiras versões. Uma das mudanças mais impactantes foi a exclusão da previsão de eliminar o uso dos combustíveis fósseis, substituindo essa previsão por “substituir” tais combustíveis. A nova versão do documento serve de base para as negociações do texto final da COP, que precisa obter o apoio de todas as quase 200 nações participantes para ser aprovado.

Essa mudança suscitou polêmica, uma vez que organizações ambientalistas consideravam a previsão de eliminação dos combustíveis fósseis como um avanço significativo. No entanto, grandes produtores de petróleo, como Arábia Saudita e Rússia, pressionaram para a retirada desta previsão, preferindo que a conferência em Dubai focasse apenas na redução da poluição climática.

O trecho do 3º rascunho que trata dos combustíveis fósseis destaca a necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentadas nas emissões de gases do efeito estufa, bem como sugere medidas para alcançar tais reduções. Além disso, propõe a aceleração de tecnologias com zero ou baixas emissões e a redução do consumo e da produção de combustíveis fósseis de forma a atingir zero emissões líquidas até, antes ou por volta de 2050.

No entanto, o Instituto Talanoa, organização que atua com políticas do clima, considera que o novo texto “quebra as expectativas” ao não apresentar um cronograma claro e ambicioso para a transição energética. A presidente do Instituto, Natalie Unterstell, destacou que a nova versão veio enfraquecida por enumerar as medidas que os países “poderiam” tomar, e não que devem adotar, o que abre espaço para um menu de opções, em vez de um pacote que guie as próximas Contribuições Nacionalmente Determinadas (DNCs).

A delegação brasileira recebeu o novo documento e destacou a importância de um texto que reduza a dependência dos combustíveis fósseis, sendo liderada pelos países desenvolvidos. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, argumentou que o Brasil está trabalhando por uma linguagem que esteja à altura e coerente com a missão 1.5ºC, defendendo que a COP limite o aquecimento da terra a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

A crise climática tem sido impulsionada pela queima de combustíveis fósseis, o que tem contribuído para eventos extremos, como o calor excessivo, as secas prolongadas e as chuvas intensas. No Acordo de Paris, em 2015, os países se comprometeram a combater o aquecimento global, buscando limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

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