O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, defendeu a capacidade de seu país de se autodefender e alertou que uma intervenção teria sérias consequências para toda a região. O embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência do Brasil, também expressou sua apreensão em relação à movimentação de navios de guerra norte-americanos na costa venezuelana, reiterando a importância do princípio da não intervenção na política externa brasileira, um legado histórico que se mantém mesmo em tempos de governo militar.
Em dias recentes, agências internacionais, como a CNN, reportaram que os EUA poderiam enviar até 4 mil militares para a região, supostamente no combate ao narcotráfico. No entanto, especialistas alertam que essa demonstração de força pode gerar instabilidades na já polarizada política latino-americana. Conforme analisa o historiador Rodolfo Queiroz Laterza, a situação atual pode ser utilizada para fins geopolíticos, amplificando divisões regionais entre aqueles que apoiam a pressão dos EUA sobre a Venezuela e os que se opõem.
Embora a administração Biden não tenha confirmado oficialmente o envio de tropas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, comentou que o governo está preparado para empregar todo o poder americano contra o narcotráfico, definindo o regime de Maduro como um cartel de narcoterrorismo. Tais acusações têm sido vistas como um pretexto para justificar a possível intervenção.
Por outro lado, a Venezuela rejeita essas alegações e afirma que elas refletem a falta de credibilidade dos EUA. Além disso, Maduro assegurou que o país é capaz de resistir a qualquer invasão, convocando até 4,5 milhões de milicianos em uma parceria com as Forças Armadas.
As ameaças de intervenção também foram criticadas pelas lideranças do México e da Colômbia. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, ressaltou que os países da região devem colaborar no combate ao narcotráfico, mas não aceitam intervenções que violem a soberania nacional. O presidente colombiano, Gustavo Petro, destacou que uma invasão apenas criaria um cenário caótico semelhante ao que se observa na Síria.
Diante dessa cacofonia de vozes e a complexidade da situação, a América Latina enfrenta um período decisivo que poderá moldar o futuro das relações entre os países da região e Estados Unidos.