A presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, considerou o decreto governamental um ataque à comunicação pública e ressaltou a importância dos instrumentos de comunicação pública para a participação política dos cidadãos. A Fenaj tem divulgado diversas notas criticando o desmonte da comunicação pública na Argentina e acompanha de perto a situação da Télam, que vinha sofrendo ataques desde as últimas campanhas presidenciais por parte do presidente Milei.
A transformação da Télam em uma agência de publicidade estatal foi justificada pelo governo argentino como parte de uma profunda reorganização das empresas públicas, visando obter maior eficiência no setor público. No entanto, críticos argumentam que a medida é autoritária e desvirtua a finalidade da agência, que contava com mais de 700 funcionários e realizava um volume significativo de produção jornalística diária.
O professor de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedro Aguiar, ressaltou que a extinção da produção de material jornalístico de qualidade pela Télam terá impactos negativos no ambiente informativo da Argentina e da América Latina. Ele destacou que a medida também torna a imprensa regional mais dependente de agências estrangeiras, o que pode comprometer a diversidade e independência da informação disponibilizada.
A transformação da Télam em uma agência de publicidade estatal levanta questionamentos sobre a liberdade de imprensa e a autonomia dos meios de comunicação no contexto da América Latina. A decisão do governo argentino de mudar o foco da agência alimenta o debate sobre a importância do jornalismo independente e a necessidade de garantir o acesso à informação de interesse público sem viés propagandístico. A situação da Télam reflete um cenário de transformações e desafios enfrentados pelo jornalismo na região.