Nos dias seguintes à eleição presidencial venezuelana, Türk já havia expressado preocupação em relação às prisões em massa ocorridas no contexto dos protestos pós-eleitorais. De acordo com a organização não governamental (ONG) venezuelana Foro Penal, cerca de 1,3 mil pessoas foram presas durante os protestos, enquanto autoridades venezuelanas relatam um número ainda maior: 2,2 mil prisões no período.
Segundo comunicado da ONU, diversos casos documentados pelo Escritório de Direitos Humanos indicam que os detidos não puderam nomear advogados de sua escolha ou manter contato com suas famílias, sendo alguns casos interpretados como desaparecimentos forçados.
Por sua vez, o governo venezuelano alega estar combatendo grupos criminosos pagos para incitar o caos e facilitar um golpe de Estado. O Ministério Público do país apresentou, na segunda-feira (12), dois relatórios detalhando as ações das forças policiais, mencionando 25 assassinatos de policiais ou lideranças chavistas desde 28 de julho, além de 192 feridos por tais grupos criminosos.
Os protestos ganharam fôlego após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciar a vitória de Nicolás Maduro sem apresentar dados detalhados da votação por urna. A reeleição de Maduro tem sido contestada tanto internamente quanto por vozes internacionais, com alegações de fraude.
Movimentos sociais venezuelanos também condenaram as detenções arbitrárias e a repressão estatal. A Frente Democrática Popular e outras organizações denunciaram em comunicado a repressão policial e militar, solicitando que o governo cesse as ações repressivas. Segundo o Coletivo de Direitos Humanos Surgentes, a maioria dos protestos foi pacífica, embora o governo tenha generalizado a criminalização dos mesmos.
O Comitê de Familiares e Amigos pela Liberdade dos Trabalhadores Presos revelou que diversos detidos ficaram incomunicáveis por dias e tiveram a defesa pública imposta, em violação ao devido processo legal. O comitê criticou a repressão estatal e o tratamento dos protestos como ato de terrorismo, alegando que muitos foram espontâneos e pacíficos.
Em contrapartida, o governo defende que os presos são, em sua maioria, indivíduos pagos para atacar lideranças e estruturas públicas, buscando promover um golpe de Estado. Segundo o chefe do Ministério Público, Tarek William Saab, recentes ataques visaram escolas, universidades, sedes do poder eleitoral e do PSUV, entre outros bens públicos e privados.
A violência tem gerado mortes, como a de Mayauri Coromoto Silva Vielma, uma liderança chavista assassinada no início de agosto. Cinco pessoas foram presas pelo crime, que Tarek descreveu como um ato de ódio político.
O governo de Nicolás Maduro continua sustentando que suas ações são legítimas, enquanto diversas organizações denunciam violações de direitos humanos e apelam pela justiça e a restauração da paz no país.