Essa crítica encontra ressonância em variados setores políticos, com várias autoridades latino-americanas se manifestando contra a escolha do comitê norueguês. A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, limitou-se a um lacônico “sem comentários”, enquanto outros líderes, como o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e o ex-presidente boliviano Evo Morales, também expressaram sua indignação em plataformas digitais.
Marisol Guedez, educadora em direitos humanos, questionou a atribuição do prêmio a María Corina, apontando que a opositora não demonstrou preocupação pela paz na Venezuela. Em declarações ao Brasil de Fato, Guedez lembrou episódios em que a política convocou atos violentos, que excederam os limites legais e não promoviam um diálogo democrático voltado para a Justiça social.
Além disso, foi feito um paralelo entre María Corina e o deputado Eduardo Bolsonaro, ambos apoiadores de sanções econômicas. Essa comparação surgiu no contexto de ativistas que a consideram uma figura provocadora, similar ao bolsonarista no Brasil. Por outro lado, a reação de setores da direita brasileira foi diferente, com líderes como o deputado Nikolas Ferreira, celebrando a conquista do prêmio pela venezuelana.
Em entrevista, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ponderou sobre a decisão do comitê, indicando que a escolha parece ter priorizado elementos políticos em detrimento da paz. Ele mencionou uma suposta declaração da Casa Branca que sugeria uma orientação política na decisão do Nobel.
O Comitê Norueguês, ao anunciar o prêmio, destacou que a homenagem é pela “promissão incansável dos direitos democráticos na Venezuela” e pela busca de uma “transição justa” da ditadura para a democracia. Segundo o presidente do Comitê, Jørgen Watne Frydnes, María Corina é um exemplo de coragem civil na América Latina. Essa declaração, no entanto, apenas intensificou o debate e as divisões em torno do significado e da relevância do Prêmio Nobel da Paz neste contexto.