O presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, anunciou o término das presenças militares estrangeiras em seu país a partir de 2025, ressaltando a necessidade de uma nova doutrina de cooperação em defesa e segurança. Já o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, destacou a modernização do exército local e a entrega do acampamento do 43º batalhão de infantaria de fuzileiros navais de Port-Bouët às Forças Armadas da Costa do Marfim em janeiro de 2025.
Essa decisão reflete a crescente insatisfação desses países com a presença militar e econômica da França após suas independências na década de 1960. A forte dependência francesa, tanto militar quanto econômica, tem alimentado um sentimento antifrancês na população dessas ex-colônias.
Especialistas apontam que recentes fracassos das intervenções militares francesas na região têm fortalecido movimentos nacionalistas e questionamentos sobre a presença estrangeira. A Operação Barkhane, iniciada em 2014 para combater o terrorismo na região, recebeu duras críticas por contribuir para conflitos armados e crises humanitárias, ao invés de reduzi-los.
A retirada das tropas francesas da África não encerra os desafios para os países africanos, que enfrentarão novas pressões e competições internacionais, agora não apenas com potências coloniais antigas, mas também com outras emergentes como China e Rússia. A busca por maior independência política, econômica e cultural é parte de um movimento mais amplo de descolonização prática na África.
A saída das tropas francesas da região também está inserida em um contexto de levantes nacionalistas e golpes militares em países como Burkina Faso e Níger, aumentando a pressão para a retirada das forças estrangeiras. A formação da Aliança dos Estados do Sahel (AES) em setembro de 2023 demonstra a busca por uma maior cooperação entre os países da região para enfrentar desafios comuns, como insurgências islâmicas ligadas à Al Qaeda e ao Estado Islâmico.
Os desafios para a África subsaariana são complexos e incluem não apenas a saída das potências coloniais, mas também a concorrência de diferentes atores internacionais em busca de recursos naturais e influência política. A verdadeira autonomia desses países africanos seguirá sendo um objetivo a ser alcançado em um cenário geopolítico cada vez mais desafiador.