Desde o início de outubro, várias propostas de resolução foram votadas, porém um impasse se mantém devido a desentendimentos internos, especialmente entre os membros permanentes do Conselho. Vieira ressaltou a incapacidade do Conselho de se unir e responder a uma crise desafiadora. Ele enfatizou que a prioridade deve ser a proteção dos civis, mas isso não está sendo alcançado devido aos interesses pessoais de alguns países.
Vale lembrar que o Brasil presidiu o Conselho de Segurança neste mês e tentou costurar a aprovação de uma resolução por vários dias, ouvindo diferentes países. No entanto, sua proposta de resolução foi vetada pelos Estados Unidos, um dos membros permanentes do Conselho.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – e os demais membros são rotativos. Para que uma resolução seja aprovada, é necessário o apoio de nove dos 15 membros, sem nenhum veto dos membros permanentes. Além da proposta do Brasil, os Estados Unidos também apresentaram sua versão de resolução, que foi vetada pela Rússia. Por sua vez, a Rússia teve duas de suas propostas vetadas pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido.
As várias tentativas frustradas de chegar a um consenso têm gerado críticas de Vieira. Durante a reunião, ele ressaltou que o número de crianças mortas aumentou desde a última vez que ele se pronunciou no Conselho. Enquanto o Conselho realiza reuniões e discursos, o sofrimento humano continua e a crise no Oriente Médio persiste.
Vieira também pediu pelo fim das hostilidades e pelo acesso a atendimento médico para as vítimas civis na Faixa de Gaza. Ele destacou que o conflito já resultou em 8 mil mortes, incluindo 3 mil crianças. O chanceler brasileiro também descreveu as ações do Hamas como terroristas e enfatizou a importância do Conselho de Segurança finalmente agir em prol dos civis da região.
O Conselho de Segurança tem sido palco de disputas entre Estados Unidos e Rússia nos últimos tempos. Enquanto os Estados Unidos defendem o direito de Israel de responder aos ataques que sofre, a Rússia propõe um cessar-fogo, sem mencionar o Hamas. Como ambos têm poder de veto, sempre há oposição a uma resolução apoiada pelo outro. Na proposta apresentada pelo Brasil, a Rússia se absteve, dando a oportunidade aos Estados Unidos de vetá-la.
Para o ministro Vieira, ainda há tempo para o Conselho de Segurança tomar uma posição a favor dos civis e contra as hostilidades na região. Ele questionou quando as vidas perdidas serão consideradas uma razão válida para agir. Em seu discurso direto e crítico, ele apelou para que os interesses pessoais sejam deixados de lado em prol da proteção dos civis.