A despedida ao líder militante foi marcada pela presença de figuras de destaque. Khaled Meshaal, considerado o provável sucessor de Haniyeh na liderança do Hamas, esteve presente, assim como outras autoridades graduadas do grupo. O Emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, também marcou presença, demonstrando a importância diplomática e política do evento.
O corpo de Haniyeh, coberto com a bandeira palestina, foi carregado por centenas de pessoas na mesquita ao norte de Doha, juntamente com o caixão de seu guarda-costas, também vítima do ataque em Teerã. A emoção e os gritos de revolta ecoaram entre os presentes, reforçando o clima tenso que envolve os membros do Hamas.
Durante a cerimônia, Sami Abu Zuhri, representante sênior do Hamas, declarou à Reuters por telefone: “Nossa mensagem para a ocupação hoje é que vocês estão afundando na lama e seu fim está mais próximo do que nunca. O sangue de Haniyeh mudará todas as equações”, ameaçando retaliações.
Haniyeh morreu após ser atingido por um míssil em uma pousada em Teerã. Khalil Al-Hayya, um oficial sênior do Hamas, reportou o ocorrido durante uma coletiva de imprensa, citando testemunhas do ataque. A acusação de responsabilidade pelo assassinato recaiu sobre Israel tanto pelo Irã quanto pelo Hamas, apesar de Israel não ter assumido nem negado a responsabilidade pelo ato.
Este ataque não é um evento isolado, mas parte de uma série de ações que visam figuras importantes do Hamas e do Hezbollah, exacerbando as preocupações de que a guerra em Gaza possa se transformar em um conflito regional mais amplo. Além das hostilidades locais, Estados Unidos e outras potências globais observam com apreensão.
O presidente americano, Joe Biden, expressou que a morte de Haniyeh complicou os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza, que já dura dez meses. “Não ajuda”, disse Biden a repórteres, sublinhando a frustração com a interrupção dos acordos de paz. O Catar, em conjunto com o Egito e os Estados Unidos, lidera os esforços diplomáticos para mediar a crise.
Haniyeh, desempenhando um papel crucial como representante da diplomacia internacional do Hamas, era visto por muitos diplomatas como um moderado, em contraste com membros mais radicais do grupo. Nomeado líder máximo do Hamas em 2017, ele operava entre Turquia e Doha para escapar das restrições de viagem impostas pela Faixa de Gaza bloqueada.
O futuro da liderança do Hamas e os impactos deste ataque na já frágil estabilidade regional permanecem incertos, mas a certeza é de que a morte de Ismail Haniyeh será um ponto de inflexão na política do Oriente Médio.