INTERNACIONAL – Indígenas do Equador iniciam greve nacional contra governo de Noboa, protestando contra aumento no diesel e medidas que ameaçam direitos e subsídios fundamentais.

Na manhã desta segunda-feira, 22 de outubro, o movimento indígena no Equador deu início a uma “greve nacional” por tempo indeterminado, mobilizando um expressivo número de manifestantes contra as medidas implementadas pelo presidente Daniel Noboa. A principal questão em pauta é um decreto que elimina os subsídios ao diesel, impactando diretamente o custo de vida da população e ameaçando a já delicada situação econômica das comunidades indígenas.

A repercussão dessa medida foi imediata, com o preço do diesel saltando de US$ 1,80 para US$ 2,80 por barril da noite para o dia. Essa subida nos preços levou ao bloqueio de várias vias nas províncias do Norte do país, intensificando a crise política e institucional que já atinge o Equador. O Palácio Presidencial, situado na província de Cotopaxi, tornou-se um foco de tensão, cercado por forças de segurança, enquanto o governo enfrenta acusações de repressão por parte das organizações indígenas. Noboa, em resposta aos protestos, ameaçou processar os manifestantes por “terrorismo” caso continuem a bloquear as estradas.

Marlon Richard Vargas Santi, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), fez um apelo à unidade entre os cidadãos de todo o país. Ele enfatizou que os indígenas não são “criminosos nem terroristas”, mas sim um povo que luta por respeito à sua vida, direitos e territórios. Vargas Santi denunciou a repressão e defendeu que o governo deve ouvir as demandas legítimas da população.

A crise institucional no Equador se intensificou após uma série de decisões do Tribunal Constitucional que invalidaram algumas medidas do Executivo. Em resposta, Noboa decidiu convocar uma assembleia constituinte, na esperança de reescrever a Constituição do país, alegando que as instituições não estão cumprindo seu papel e precisam ser reformuladas.

Envolto em controvérsias, o presidente enfrenta resistência da Corte, que com frequência tem questionado seus decretos e propostas, incluindo consultas populares destinadas a questões sensíveis, como a liberdade de instalação de bases militares estrangeiras e a transformação do financiamento público para partidos políticos. O referendo sobre essas questões está agendado para 16 de novembro.

Em meio a essa instabilidade política, os indígenas estão assumindo um papel central nas mobilizações. A Conaie não apenas exige a revogação de licenças de mineração em terras indígenas e redução de impostos, mas também se opõe ao que considera “autoritarismo” do governo e seu modelo econômico extrativista. Especialistas alertam que a suspensão dos subsídios ao diesel afeta mais gravemente as comunidades indígenas, que já enfrentam uma situação econômica crítica.

Com a situação em ebulição, movimentos indígenas, que já jogaram um papel decisivo em diversos episódios políticos do país, estão se organizando para fortalecer suas reivindicações e fazer ouvir suas vozes em um contexto de crescente tensão e polarização no Equador.

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