Embora o documento final não tenha abordado o fim do veto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), os países emergentes obtiveram uma conquista ao inserir o termo “compromisso” nas mudanças propostas para o órgão das Nações Unidas.
A redação final destacou a importância de uma “reforma transformadora” no Conselho de Segurança, alinhando-o com as demandas e realidades atuais do século 21, de forma a torná-lo mais representativo, inclusivo, eficiente, democrático e transparente para toda a comunidade internacional. A modernização do Conselho de Segurança visa aprimorar a eficácia do órgão e trazer mais transparência aos processos decisórios.
Outra vitória expressa pelos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento foi a proposta de aumentar o número de países integrantes no Conselho de Segurança, principalmente de regiões fora do eixo América do Norte e Europa, como África, Ásia-Pacífico e América Latina e Caribe.
No âmbito da dívida dos países mais pobres, o documento saudou o cumprimento da meta de destinação de US$ 100 bilhões em direitos especiais de saque das reservas internacionais para financiar projetos nessas nações. Além disso, foram feitos apelos por mecanismos eficazes para reduzir as vulnerabilidades da dívida em países de baixa e média renda, especialmente diante do aumento das parcelas devidas devido à valorização global do dólar desde o início da pandemia de covid-19.
O compromisso do G20 em respeitar os compromissos previstos na Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) também foi destacado no documento, que ressaltou a importância de seguir trabalhando para melhorar a transparência da dívida e incentivar os credores privados a participarem desses esforços.
Durante a presidência brasileira no G20, debates sobre dívida, desenvolvimento e infraestrutura foram conduzidos pelos países africanos com o apoio do Brasil. O documento final também abordou a necessidade de reformar o regime de cotas do Fundo Monetário Internacional (FMI), priorizando uma distribuição de poder mais equitativa entre os países emergentes.
A criação de uma nova cadeira na diretoria do FMI para a África Subsaariana foi saudada, enquanto a reafirmação do compromisso de aumentar a capacidade do Banco Mundial em conceder financiamentos, com recursos próprios e contribuições dos governos do G20, aos países de renda média e baixa também foi destacada. O comunicado final do G20 ressaltou a importância de enfrentar desafios globais como as mudanças climáticas e a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
Embora não tenha sido incluída a solicitação de financiamentos em moedas locais para evitar o aumento da dívida em moeda estrangeira, o documento enfatizou a importância dos bancos multilaterais participarem ativamente de relatórios periódicos para a implementação do roteiro aprovado pelo G20. Este roteiro prevê parcerias com governos, bancos de desenvolvimento nacionais, provedores de seguro e resseguro, bem como o setor privado.
Em resumo, as discussões e compromissos firmados durante a Cúpula de Líderes do G20 refletem a importância de reformas estruturais nos organismos internacionais, a fim de aumentar a representatividade e eficiência das instituições e promover um desenvolvimento mais equitativo e sustentável para todos os países membros.