INTERNACIONAL – Frente Ampla lidera votação no Uruguai, mas segundo turno ainda está incerto; coalizão de direita pode superar no final.



A Frente Ampla, coalizão de partidos de centro-esquerda do Uruguai, surpreendeu nas eleições deste domingo (27) ao obter mais votos em comparação com o pleito de 2019, quando foram derrotados pelo atual presidente de centro-direita, Luis Lacalle Pou. O candidato da Frente Ampla, Yamandú Orsi, conquistou 43,94% dos votos, superando Álvaro Delgado, do Partido Nacional, que obteve 26,77%, e Andrés Ojeda, do Partido Colorado, com 16,03% dos votos. Os demais candidatos presidenciais somaram 8,3% dos votos.

Essa evolução demonstra um crescimento significativo da Frente Ampla em relação ao último pleito, no qual alcançaram 39,01% dos votos no primeiro turno. Com esse aumento, a coalizão de centro-esquerda ainda tem chances de obter a maioria simples no Senado, mas dependerá do segundo turno para consolidar esse cenário. Na Câmara dos Deputados, nenhum dos principais blocos conseguiu a maioria até o momento.

Segundo o jornalista e especialista em ciência política Bruno Lima Rocha Beaklini, o cenário para o segundo turno é incerto. A soma dos votos dos partidos de direita e centro-direita aponta para uma possível vitória desses grupos, já que juntos superam os votos conquistados pela Frente Ampla. No entanto, o candidato Gustavo Salle, do partido Identidade Soberana, que obteve 2,69% dos votos, pode ter um papel decisivo na disputa, considerando sua posição de “outsider” na política uruguaia.

Para Leandro Gabiati, cientista político, a Frente Ampla precisa ampliar sua votação em outros departamentos, além de Montevidéu, onde tradicionalmente obtém bons resultados. A relação entre Brasil e Uruguai não deve sofrer mudanças significativas com a vitória de um dos candidatos, seja da Frente Ampla ou do Partido Nacional, segundo Gabiati. Já Beaklini destaca que a coalizão de centro-esquerda beneficia a integração latino-americana e o Mercosul, ao contrário da coalizão de direita, que tende a seguir uma linha mais conservadora.

Além da eleição presidencial, os uruguaios votaram em plebiscitos para reformar a previdência social e autorizar batidas policiais noturnas, propostas que foram rejeitadas. A falta de recursos e apoio para promover as campanhas dessas iniciativas são apontadas como fatores para a derrota, segundo Beaklini. Assim, o Uruguai segue em um cenário político incerto, com expectativa para o desfecho do segundo turno no dia 24 de novembro e possíveis desdobramentos para o país e sua relação com o Brasil.

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