INTERNACIONAL – Equador rejeita propostas de bases militares e nova Constituição em referendo; presidente Noboa afirma respeitar a decisão popular após forte rejeição.

No último domingo, os eleitores do Equador expressaram sua oposição ao pacote de propostas apresentadas pelo presidente Daniel Noboa, resultando em uma rejeição significativa nas quatro questões referendadas. O pleito incluiu a polêmica proposta de permitir a instalação de bases militares estrangeiras no território equatoriano, uma medida que despertou intensos debates na sociedade.

Com mais de 91% das urnas contabilizadas, os dados preliminares indicaram que 60,65% da população se opôs a essa iniciativa, enquanto apenas 39,35% se mostraram favoráveis. Noboa, ao comentar os resultados, afirmou que respeitará a vontade do povo, enfatizando seu compromisso em continuar a luta por um país melhor, utilizando os instrumentos disponíveis.

As outras propostas que também foram rechaçadas incluíam a convocação de uma Assembleia Constituinte, sugerida por Noboa sob a justificativa de que a atual Constituição, promulgada em 2008, estaria protegendo criminosos. A oposição, por sua vez, criticou essa intenção, alegando que o presidente tenta explorar a questão da violência para desmantelar direitos sociais e conquistar uma reconfiguração política que beneficie interesses externos, especialmente dos Estados Unidos.

A Constituição atual proíbe explicitamente a presença de bases militares estrangeiras, uma questão sensível que remete à saída das forças americanas de Manta em 2009. Noboa tem argumentado que a instalação de bases militares seria crucial para o combate ao narcotráfico, um problema crescente que assola o país, onde a taxa de homicídios aumentou 588% entre 2019 e 2024.

Após os resultados das eleições, membros da oposição, incluindo Luisa González, presidente do Partido Revolução Cidadã, comemoraram a rejeição da proposta, afirmando que os equatorianos deixaram claro que não desejam a presença militar estrangeira em seu território, caracterizando a postura de Noboa como uma representação dos interesses de Washington.

A crise de segurança no Equador, exacerbada por mudanças nas rotas do tráfico de drogas e pelo aumento da criminalidade, resultou em uma ampliação dos poderes dos militares e no reconhecimento, por parte do governo, de um estado de conflito armado interno.

As repercussões desse referendo tendem a moldar o cenário político equatoriano, colocando a administração de Noboa sob um novo escrutínio e revelando as divisões profundas que permeiam a sociedade em relação à soberania e ao papel do país na luta contra o crime organizado. Essa resolução do pleito reflete, portanto, não apenas uma rejeição às propostas de Noboa, mas um clamor por uma abordagem mais soberana na segurança e nas relações externas.

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