Com mais de 91% das urnas contabilizadas, os dados preliminares indicaram que 60,65% da população se opôs a essa iniciativa, enquanto apenas 39,35% se mostraram favoráveis. Noboa, ao comentar os resultados, afirmou que respeitará a vontade do povo, enfatizando seu compromisso em continuar a luta por um país melhor, utilizando os instrumentos disponíveis.
As outras propostas que também foram rechaçadas incluíam a convocação de uma Assembleia Constituinte, sugerida por Noboa sob a justificativa de que a atual Constituição, promulgada em 2008, estaria protegendo criminosos. A oposição, por sua vez, criticou essa intenção, alegando que o presidente tenta explorar a questão da violência para desmantelar direitos sociais e conquistar uma reconfiguração política que beneficie interesses externos, especialmente dos Estados Unidos.
A Constituição atual proíbe explicitamente a presença de bases militares estrangeiras, uma questão sensível que remete à saída das forças americanas de Manta em 2009. Noboa tem argumentado que a instalação de bases militares seria crucial para o combate ao narcotráfico, um problema crescente que assola o país, onde a taxa de homicídios aumentou 588% entre 2019 e 2024.
Após os resultados das eleições, membros da oposição, incluindo Luisa González, presidente do Partido Revolução Cidadã, comemoraram a rejeição da proposta, afirmando que os equatorianos deixaram claro que não desejam a presença militar estrangeira em seu território, caracterizando a postura de Noboa como uma representação dos interesses de Washington.
A crise de segurança no Equador, exacerbada por mudanças nas rotas do tráfico de drogas e pelo aumento da criminalidade, resultou em uma ampliação dos poderes dos militares e no reconhecimento, por parte do governo, de um estado de conflito armado interno.
As repercussões desse referendo tendem a moldar o cenário político equatoriano, colocando a administração de Noboa sob um novo escrutínio e revelando as divisões profundas que permeiam a sociedade em relação à soberania e ao papel do país na luta contra o crime organizado. Essa resolução do pleito reflete, portanto, não apenas uma rejeição às propostas de Noboa, mas um clamor por uma abordagem mais soberana na segurança e nas relações externas.









