O chefe da delegação do CICV na Colômbia, Patrick Hamilton, ressaltou que o uso de artefatos explosivos, deslocamentos forçados e a gravidade dos ataques aos serviços de saúde atingiram patamares nunca vistos nos últimos oito anos. O CICV registrou 382 casos de violações do direito humanitário internacional, dos quais 44% foram atos cometidos fora das hostilidades, direcionados à população civil e à integridade física e mental das pessoas protegidas pelo DIH.
Além disso, mais de 88 mil pessoas foram afetadas pelo confinamento forçado em 12 departamentos do país, demonstrando o impacto dos oito conflitos armados não internacionais que ainda estão ativos na Colômbia. O relatório também enfatizou que os eventos de confinamento aumentaram em 102%, com a população afetada crescendo 89% em relação ao ano anterior.
O conflito na região do Catatumbo em 2025, após a declaração de guerra do Exército de Liberação Nacional (ELN) contra grupos dissidentes das Farc, agravou ainda mais a situação. Cerca de 52 mil pessoas foram expulsas de suas casas, comprometendo as expectativas de paz promovidas pelo governo. A CICV explicou que o confinamento forçado restringe a locomoção das comunidades devido a ameaças de grupos armados ou estratégias próprias para evitar riscos.
Os deslocamentos forçados também foram um grave problema, com mais de 158 mil pessoas deixando suas casas para escapar da violência. O aumento de vítimas por explosivos, desaparecimentos e a continuidade de um conflito que teve início na década de 1940 são reflexos de uma realidade complexa e marcada pela violência na Colômbia. O professor Sebastian Henao, da Universidade Federal da Grande Dourados, destaca a origem do conflito ligada à concentração de terras e lutas por poder, culminando em uma espiral de violência que perdura até os dias atuais.