A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é vista como um projeto ambicioso, representando o firme compromisso do Brasil com a erradicação da fome e da pobreza a nível mundial, conforme explicou Mauro Vieira. Esta aliança funcionará como uma plataforma de colaboração, onde países e parceiros se comprometerão a implementar políticas públicas de proteção social em âmbito nacional, e a oferecer suporte técnico ou financeiro para promover tais esforços. O lançamento preliminar da aliança será nesta quarta-feira, mas a formalização está agendada para a Cúpula dos Líderes do G20, que ocorrerá em novembro no Rio de Janeiro.
O ministro também enfatizou a gravidade das desigualdades mundiais, citando dados da Oxfam que revelam que o 1% mais rico da população mundial acumulou quase dois terços da riqueza gerada desde 2020. Em relação à proposta de taxação dos super-ricos, medida que visa mitigar essas desigualdades, Vieira afirmou que há uma adesão significativa por parte de diversos países. Segundo o economista francês Gabriel Zucman, a taxação dos super-ricos, afetando cerca de 3 mil indivíduos em todo o mundo, poderia arrecadar aproximadamente US$ 250 bilhões por ano.
Neste contexto, o G20 voltou a publicar declarações conjuntas de seus ministros, um fato celebrado por Vieira como uma vitória da diplomacia brasileira. Desde o início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, em fevereiro de 2022, tais declarações estavam paralisadas devido a divergências entre os países membros. Para superar esse impasse, a presidência brasileira do G20 concordou em emitir uma declaração sobre temas geopolíticos, permitindo que documentos ministeriais fossem publicados sem a necessidade de consenso geopolítico. Isso resultou na emissão de dois documentos importantes ainda na segunda-feira (22): o “Chamado à Ação do G20 sobre o Fortalecimento dos Serviços de Água Potável, Saneamento e Higiene” e o “Não deixar ninguém para trás: Declaração Ministerial de Desenvolvimento do G20 para reduzir as desigualdades”.
As questões geopolíticas, como as guerras em Gaza e entre a Rússia e a Ucrânia, deverão ser discutidas pelos líderes na reunião de novembro. Segundo o embaixador Maurício Lyrio, estas questões terão que ser abordadas diretamente pelos chefes de Estado.
Sobre as possíveis implicações das eleições americanas nas negociações multilaterais, Vieira foi cauteloso, destacando que a decisão caberá ao povo americano. O Brasil, segundo ele, continuará a buscar uma convivência harmoniosa e colaborativa com os Estados Unidos e os demais países, independentemente do vencedor.
O G20 é um grupo composto por 19 países e dois órgãos regionais, representando cerca de 85% do PIB mundial e mais de 75% do comércio global. A sua missão é clara: fomentar a cooperação econômica internacional e enfrentar os desafios mais urgentes da comunidade global.