Atualmente, os dois países têm mais de 90 acordos bilaterais em vigor, e o novo passo busca diversificar ainda mais as parcerias. Em discurso, Lula enfatizou o compromisso mútuo para a integração efetiva entre Brasil e Chile, com ênfase em mudança climática e turismo. “A integração sul-americana é uma realidade que faz a diferença na vida das pessoas”, afirmou o presidente, referindo-se ao acordo de isenção de cobrança de roaming e ao reconhecimento mútuo de carteiras de habilitação, exemplificando as vantagens práticas dessas parcerias.
O presidente brasileiro também destacou a necessidade de cooperação diante dos desafios climáticos e do crime organizado. Citou os incêndios de 2023 no Chile e as enchentes no Sul do Brasil como evidências urgentes da crise climática. Lula manifestou apoio à proposta chilena de estabelecer um mecanismo regional para resposta a desastres, sinalizando a urgência dessa colaboração em tempos de catástrofes naturais.
Gabriel Boric, por sua vez, ressaltou a importância das novas iniciativas para ampliar fluxos comerciais e turísticos, além de ações conjuntas no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas. Entre os novos acordos, inclui-se um tratado sobre extradição, reforçando a cooperação legal entre ambos os países.
O comércio entre Brasil e Chile movimenta cifre consideráveis, atingindo US$ 12,3 bilhões anuais. O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Chile, que exporta cobre, pescados e minérios. Em contrapartida, o Chile é o sexto maior destino das exportações brasileiras, com destaque para petróleo, carne bovina e automóveis. A conclusão das discussões sobre as regras de origem no Acordo de Livre Comércio deve potencializar ainda mais esse fluxo, especialmente no setor automotivo.
Na esfera de investimentos, o Brasil desponta como o maior investidor latino-americano no Chile, alocando mais de US$ 4,5 bilhões em setores como energia, serviços financeiros, alimentos, mineração, construção e fármacos. As empresas chilenas, por sua vez, têm no Brasil um dos principais destinos de seus investimentos externos, destacando-se em áreas como celulose, varejo e energia, com a Latam sendo a maior empresa chilena em operação no Brasil.
A visita de Lula simboliza um compromisso renovado com a integração sul-americana, em um momento crucial para a retomada desses processos. A colaboração foi celebrada com atos simbólicos e trocas de condecorações, além de compromissos mútuos com a agenda global, incluindo a defesa da democracia, meio ambiente, direitos humanos e inclusão social.
No encerramento da visita, Lula convidou Boric para participar da reunião de líderes contra o extremismo na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro, em Nova York, e reiterou a importância do diálogo e da transparência no processo eleitoral da Venezuela, onde Brasil atuará na gestão das embaixadas do Peru e Argentina em Caracas devido ao recente impasse diplomático.
A agenda de Lula no Chile inclui ainda encontros com autoridades locais e figuras de destaque, além da participação no Fórum Empresarial Chile-Brasil, que reúne 500 lideranças dos setores público e privado para fortalecer ainda mais os laços comerciais entre os dois países. A visita oficial está prevista para se encerrar nesta terça-feira (6), com reuniões adicionais e o retorno de Lula ao Brasil programado para o início da tarde.