O embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, defendeu nesta terça-feira (29) que o Brasil deve continuar sendo um interlocutor junto à Venezuela, apesar dos atritos diplomáticos que surgiram após a eleição presidencial em 28 de julho e resultou na reeleição de Nicolás Maduro.
Amorim ressaltou a importância de manter a interlocução com a Venezuela para exercer uma influência positiva no país. No entanto, ele reconheceu que o nível do diálogo diminuiu desde a eleição, e destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não teve conversas pessoais com Maduro, devido à falta de sinais de abertura para um diálogo franco.
Atualmente, há um “mal-estar” entre os governos brasileiro e venezuelano, principalmente pela não apresentação dos dados eleitorais prometidos pelo governo de Maduro. Amorim espera que essa situação seja resolvida, pois a Venezuela ainda enfrenta desafios em relação à democracia e convivência política.
O embaixador salientou que o Brasil deseja que a Venezuela seja estável, e por isso é fundamental manter uma comunicação ativa com o país vizinho. Ele reconhece que a construção da democracia na Venezuela é um processo complexo e que envolve toda a sociedade, que é extremamente dividida e desigual.
Amorim enfatizou a importância do diálogo e da negociação para garantir a estabilidade na região, especialmente diante das eleições regionais e parlamentares previstas para os próximos anos. Ele ressaltou que o Brasil não pode se desqualificar como interlocutor, caso queira exercer uma influência positiva na Venezuela.
Por fim, o embaixador destacou que a participação da Venezuela no Brics, grupo que o país demonstrou interesse em integrar, foi vetada pelo Brasil. Amorim considerou a reação venezuelana “desproporcional” e ressaltou a importância do diálogo e do entendimento mútuo para resolver os impasses diplomáticos entre os dois países.
