Em entrevista, após o Fórum de Academias de Ciências do Brics, Nader destacou a urgência de mais investimentos em ciência e tecnologia e a necessidade de uma colaboração mais efetiva entre o Brasil e os demais países do bloco. De acordo com a biomédica, é crucial passar da teoria à prática, enfatizando que, embora os países do Brics tenham avançado, muitos ainda não reconhecem a importância do investimento em pesquisa.
Nader mencionou que enquanto na China e na Índia o investimento em ciência é robusto, o Brasil ainda não se despertou para essa realidade. Ela trouxe exemplos da China, que implementa um programa quinquenal centrado na ciência, e lembrou que mudanças visíveis já ocorreram no país asiático, como a melhoria da qualidade do ar em Pequim. A especialista defendeu que o Brasil tem o potencial de seguir por um caminho semelhante, mas, para isso, é necessário um olhar mais atento para a importância da ciência nas decisões governamentais.
A presidente da ABC enfatizou que, atualmente, a política brasileira parece não levar a ciência a sério. Ela citou exemplos de retrocessos, como a recente tentativa de incluir os investimentos em ciência no arcabouço fiscal, que foi barrada pela Câmara dos Deputados. Segundo Nader, essa postura contrasta com a mentalidade de países como a China, que reconhecem a ciência como um pilar essencial para o desenvolvimento.
Além disso, ela abordou a questão do financiamento científico no Brasil, argumentando que a falta de recursos compromete a continuidade e a qualidade da pesquisa. Apesar de o país ter uma comunidade científica de qualidade, a produção está em declínio, não apenas pela falta de investimento, mas também pela desvalorização da carreira de pesquisador e a escassez de incentivos.
Nader sugeriu que a colaboração entre governos, instituições e a comunidade científica é vital para estabelecer um sul global fortalecido, onde conhecimento e inovação sejam prioridades. Em sua visão, investimentos em educação e ciência são fundamentais para impulsionar a economia e garantir que o Brasil não fique isolado em um cenário geopolítico em transformação.