Durante o encontro na Casa Branca, Trump criticou a nova legislação de terras, que permite a desapropriação sem indenização de propriedades ociosas. Ele afirmou que muitos sul-africanos brancos estariam buscando asilo nos Estados Unidos por medo de violências e confisco de terras. Essas alegações foram acompanhadas por imagens de vítimas que, segundo Trump, seriam fazendeiros brancos assassinados. No entanto, investigações posteriores revelaram que algumas das imagens apresentadas foram incorretamente associadas aos eventos na África do Sul, alimentando ainda mais a polêmica.
Essas acusações de genocídio foram impulsionadas, em parte, por grupos de extrema-direita e pelo apoio de figuras proeminentes como Elon Musk, que alegam que a população branca está sendo alvo de políticas discriminatórias. Contudo, Ramaphosa contrargumentou que a violência no país é, em grande medida, alimentada pelo desemprego e pela pobreza, que afetam desproporcionalmente a população negra.
A nova lei de reforma agrária visa redimir os erros do passado, onde o apartheid confinou a maioria negra a pequenas áreas. A professora Núbia Aguilar, especialista em história da África, destacou que a desigualdade racial permanece profundamente enraizada, resultando em tensão social e resistência a reformas. Os brancos sul-africanos, atualmente minoria em um país onde 81,7% da população é negra, se veem como vítimas em um contexto que clama por reparação.
Além disso, a política interna dos EUA em relação à África do Sul trouxe à tona questões mais amplas sobre imigração e relações internacionais. Enquanto Trump buscava cortar vínculos com o governo sul-africano, ofereceu refúgio a brancos sul-africanos que pudessem querer emigrar. O governo americano também impôs restrições e descontentamentos devido às denúncias da África do Sul contra as práticas israelenses na Faixa de Gaza.
Num cenário em que a África do Sul luta para superar seu passado colonial e as desigualdades que este perpetuou, a questão da reforma agrária continua a ser um tema central de debate. Com a nova lei ainda em fase de implementação e cercada de controvérsias, a situação permanece delicada, refletindo as complexidades sociais e políticas que persistem no país, mesmo após três décadas do fim do apartheid.