Segundo Maria Carolina Marques, gerente de competitividade e estratégia da CNI, as regulações trabalhistas e a complexa rotina fiscal para o pagamento de tributos foram apontadas como os principais geradores de custos pelas empresas no ano passado. Marques ainda ressaltou a árdua realidade enfrentada pelas pequenas empresas nesse cenário. “Para elas, o custo de atender às regulações representa uma fatia maior da receita líquida comparado às grandes empresas”, explicou.
Além dos custos de adequação, a CNI estimou que a indústria pagou R$ 150,1 bilhões (2,6% da receita líquida) em multas, penalidades, perda de mercadorias ou retrabalho por não conformidade. Parte dessas despesas pode ser atribuída à dificuldade das empresas em localizar e interpretar as diversas regulações pertinentes, conforme apontado por Marques.
Setores como o farmacêutico e de biocombustíveis foram os mais afetados pelos custos regulatórios, gastando 6,8% da receita líquida na adequação às normas. Outros setores que enfrentam elevados custos de regulação incluem extração de minerais não-metálicos (6,3%), borracha (6%), construção de edifícios (5,6%), madeira (5,4%), e celulose e papel (5,4%).
Quando questionados sobre os fatores que mais contribuem para despesas e consumo de tempo, 52% dos empresários citaram as regulações trabalhistas. Seguindo essa prioridade, aparecem as rotinas para pagamentos de tributos e obrigações acessórias, além das regulações ambientais.
A atualização constante sobre as normas em vigor foi apontada como o maior desafio para a adequação regulatória por 63% dos entrevistados. Outros entraves destacados foram o conflito entre regulações emitidas por diferentes órgãos e alterações regulatórias inesperadas. No setor industrial, o impacto negativo das regulações sobre a inovação foi uma queixa comum, mencionada por 70% dos empresários dos segmentos de veículos, químicos, metalurgia e móveis. Nos demais setores, 50% dos entrevistados relataram prejuízos à inovação devido às regulações.
A pesquisa da CNI incluiu a participação de 1.564 empresas das indústrias extrativas e de transformação, sendo 628 pequenas, 558 médias e 378 grandes. Adicionalmente, foram consultadas 324 empresas da indústria da construção, dentre as quais 123 eram pequenas, 131 médias e 70 grandes, entre 1º e 11 de março de 2024.