Fingindo vender cangas, ambulante ajudava ladrões a levarem pertences de banhistas. Após flagrantes, obtidos pelo Jornal Nacional, 7 adultos foram presos e 2 menores, apreendidos.
O Jornal Nacional teve acesso ao registro da ação criminosa de uma quadrilha num dos cenários mais famosos do Rio de Janeiro e do Brasil: a Praia de Copacabana. Flagrantes feitos de um posto de observação da polícia mostram a ousadia de criminosos que atuam na região, inclusive com a ajuda de vendedores ambulantes.
A estratégia dos bandidos é sair calmamente e atacar. Nas imagens, uma das vítimas ainda tenta perseguir os ladrões, mas eles fogem desviando de carros. Segundo a polícia, turistas raramente prestam queixa, por isso, acabam virando o alvo preferencial dos criminosos, constata o G1.
“Essa quadrilha, eles agem especialmente contra turistas. Por quê? Porque na maioria das vezes os turistas não querem perder o tempo de vir a delegacia pra registrar a ocorrência. E também eles não ficam visíveis. Como eles estão ali hoje, amanhã esse turista não vai estar mais. Então é difícil a identificação”, diz a delegada Cristiana Bento, da 13ª DP (Ipanema).
Muitos turistas também não estão acostumados a essa realidade em que o perigo pode vir de todos os lados, até de bicicleta.
“Na maioria das vezes eles não atuam com arma de fogo, embora a gente sabe que há, sim, o emprego da arma. A faca é muito utilizada por eles também. Por isso é importante que a vítima não reaga, procure a delegacia de polícia pra fazer o registro”, orienta a delegada.
Ajuda de vendedores de canga
As quadrilhas atacam no calçadão e também na areia. Os ladrões seguem criando novas formas de ataque, para surpreender até que já acha que está acostumado com às supresas da praia.
Em um dos vídeos feitos por policiais, um grupo de ladrões que parece estar só passeando, está planejando um ataque. Do outro lado, vem caminhando um vendedor de cangas, que também faz parte da quadrilha. Os bandidos apontam discretamente o local onde vão agir e o vendedor se dirige pra lá.
O papel dele é abrir as cangas, bloqueando a visão da vítima. Numa espécie de balé do crime, os ladrões ainda aproveitam a passagem de um outro vendedor, que não faz parte do bando. Quando a vítima percebe o que aconteceu, eles já estão longe.
Mas, pelo menos após um dos flagrantes obtidos pelo Jornal Nacional, os criminosos não foram tão longe. Todo grupo foi preso, até o vendedor de cangas, que confessou na delegacia: ele dividia o produto do roubo com os outros ladrões.
“É meio a meio. O que fica pra nós é meio a meio. Muitas vezes vem um aparelho [celular]. Eu falo pra eles assim: ‘Você me dá um dinheiro e eu dou o aparelho’. Ele me dá um dinheiro e leva o aparelho”, disse vendedor de canga preso por participar do esquema.
A quadrilha que atuava sempre no mesmo trecho da praia já vinha sendo investigada. A polícia montou um ponto de observação em copacabana e gravou as imagens do bando em ação.
Os policiais fecharam o cerco e prenderam também dois suspeitos de receber os produtos roubados. Ao todo, 7 adultos foram presos e dois menores apreendidos. Mesmo assim, a polícia recomenda cuidado na região.
08/05/2017