O juiz José Eduardo Nobre, responsável pela decisão de absolvição sumária, foi contundente ao relatar a reativação do processo e as implicações que ele acarretou. O réu, que havia sido preso em agosto deste ano, obteve liberdade durante a audiência de custódia ao demonstrar que Marcelo não havia falecido. Consultas a bancos de dados oficiais corroboraram essa informação, resultando em um desenlace inesperado.
A confusão começou em 1998, com a denúncia do Ministério Público de Alagoas, que se baseou em relatos do irmão de Marcelo e no reconhecimento de um corpo de um indigente, que acreditava-se ser a vítima. Um laudo cadavérico alimentou a acusação, mas a história tomou um rumo diferente quando Marcelo reapareceu em setembro. Durante uma audiência no Fórum, ele revelou que, na época do suposto homicídio, estava morando em Pernambuco, onde trabalhava no corte de cana-de-açúcar e mantinha seu paradeiro em segredo de sua família em Maceió.
O magistrado destacou que houve um “erro grave” nas investigações que culminaram na confusão entre Marcelo e outra pessoa. A nova evidência gerou um consenso no Ministério Público, que reconheceu a falta de provas materiais do crime e concordou com a absolvição. O caso envolvia narrativas complexas de ciúmes e violência, com a acusação de que o réu, supostamente em companhia de um adolescente, havia emboscado Marcelo após uma saída em uma danceteria, atacando-o ferozmente.
Com a confirmação de que Marcelo está vivo, o longo processo judicial finalmente chegou ao fim, encerrando um capítulo peculiar na história da Justiça. Ao todo, foram 28 anos permeados por incertezas e injustiças, evidenciando o quão frágil e descompassada pode ser a estrutura judicial diante de erros que perduram por tanto tempo.