Conhecida por provocar a deformação das hemácias, que são os glóbulos vermelhos, a anemia falciforme potencializa a chance de ocorrência do Acidente Vascular Cerebral (AVC), que até 2012 atingiu 7% dos 552 alagoanos portadores da doença. No entanto, há cinco anos, o problema foi superado no Estado, e nenhuma criança falcêmica foi diagnosticada com o popular derrame, depois que Hemocentro de Alagoas (Hemoal) passou a utilizar a exsanguineotransfusão, onde o sangue de uma pessoa doente é substituído, parcialmente, pelo de um doador saudável.
O feito inédito foi atestado pelo neuropediatra do Hospital Universitário da Bahia, Camilo Vieira, autor de um estudo sobre o tema e que, desde 2011, atende falcêmicos no Hemoal. Ele realiza nos pacientes o Doppler Transcraniano, exame que detecta se um portador de anemia falciforme pode vir a desenvolver um derrame.
“Graças ao empenho de toda a equipe multidisciplinar do Hemoal, as crianças que apresentam tendência a desenvolver um AVC, são submetidas à exsanguineotransfusão. Com isso, evitamos que elas sejam acometidas pelo problema, que pode trazer sequelas graves e incapacitá-las por toda a vida”, salientou Camilo Vieira.
Para a gerente do Hemoal, hematologista Verônica Guedes, esta conquista comprova o compromisso de toda equipe em assegurar uma assistência de qualidade. “Somos uma equipe que respira vida, desde a captação dos doadores de sangue, até o momento de realizarmos a transfusão. Saber que estamos entre os melhores hemocentros do Nordeste, no que se refere ao tratamento da anemia falciforme, é a nossa maior recompensa”, ressaltou.
Para a assistência aos pacientes com anemia falciforme, o Hemoal disponibiliza atendimento hematológico, social, psicológico, fisioterapêutico, nutricional, odontológico e de enfermagem. Em alagoas, a doença afeta um em cada 1.200 nascidos vivos, principalmente entre afrodescendentes. Apesar de não ter cura, não representa uma sentença de morte.
Exemplo disso é a estudante Walesca dos Santos, 15 anos, que desde recém-nascida é tratada no Hemoal, nunca sofreu um AVC e leva uma vida normal. “Aqui é minha segunda casa”, relata a paciente enquanto realiza uma transfusão sanguínea e faz questão de sorrir, exibindo as unhas das mãos pintadas de vermelho, que para ela “é a cor da vida”.
Ascom – 07/11/2017