O Haiti vive uma grave crise socioeconômica e política que se intensificou após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho de 2021. Desde março de 2024, o país tem enfrentado um aumento alarmante da violência, especialmente por parte de gangues que dominam extensas áreas urbanas e se dedicam a extorquir e sequestrar cidadãos. A situação levou o governo haitiano a declarar um estado de emergência, que já se arrasta por meses, na tentativa de restaurar a ordem em meio ao caos.
Este esforço conta com o apoio de uma missão liderada pelo Quênia, que já havia enviado cerca de 400 agentes de segurança ao Haiti no ano passado. A operação, que pode incluir até 2,5 mil soldados de diversas nações, reúne também contribuições de outros países da região, como Jamaica, Belize e El Salvador. Os Estados Unidos se destacam como os principais financiadores desse esquema internacional de segurança.
A instabilidade política agravou-se com a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry, que abandonou o cargo em abril de 2024, forçado pela escalada da violência nas ruas. Desde então, foi instaurado um Conselho de Transição Presidencial, com apoio da Comunidade do Caribe, para tentar estabilizar a situação.
Em um episodio alarmante ocorrido em março, grupos armados invadiram prisões em Porto Príncipe, o que resultou na libertação de mais de 3 mil presos, além do assassinato de guardas e policiais. A resposta do governo foi a extensão do estado de emergência, enquanto um relatório da Organização Internacional para as Migrações indicou que quase 100 mil pessoas deixaram a área metropolitana da capital em busca de segurança.
O Haiti, que já enfrenta dificuldades crônicas devido a uma combinação de ditaduras, desastres naturais e instabilidade política, continua a ser um dos países mais empobrecidos das Américas, tornando a presença das forças guatemaltecas e de outras nações uma tentativa crucial de restaurar um mínimo de estabilidade e segurança.