Essa abordagem reabre uma discussão complexa sobre a histórica utilização da base militar, a qual tem sido um ponto controversial desde sua criação. Segundo especialistas, a instalação não apenas representa um enclave militar americano em território cubano, mas também abastece um ciclo de práticas de detenção que elude as garantias legais oferecidas no próprio país. Para muitos críticos, essa reatividade da base junto a imigrantes é uma repetição de eventos passados onde a instalação foi usada para alojar indivíduos sem as devidas proteções legais, violando direitos fundamentais, como o devido processo e o habeas corpus.
Ernesto Domínguez, um analista cubano e professor de estudos hemisféricos, destaca que, apesar da especificidade do tratado que regula a base, na prática, Guantánamo tem sido um local de detenção que desvio de suas realidades originais e legais. A base já esteve sob o escrutínio internacional por suas condições e práticas, descritas como barreiras à dignidade humana.
A repercussão não se limita ao território dos Estados Unidos; o presidente cubano Miguel Díaz-Canel criticou enfaticamente a decisão, chamando-a de “ato de brutalidade” e advertindo que o uso de Guantánamo para esse propósito representa uma ameaça à segurança nacional cubana e da região. Especialistas em relações internacionais alertam que a ativação da base pode gerar um cenário de insegurança e instabilidade, não apenas para os detidos, mas para as comunidades próximas.
As implicações legais e morais do uso de Guantánamo para a detenção de imigrantes estão sendo examinadas sob a perspectiva do direito internacional, que classifica a permanência da base como um ato colonial. A ONU já pediu, em várias ocasiões, a investigação e a desativação da prisão, ressaltando a urgência de se abordar as injustiças cometidas no local.
O ambiente político atual nos EUA, marcado pela polarização em torno de questões migratórias, sugere que pouco pode ser feito para desafiar o uso da base enquanto o apoio popular à política de imigração restritiva permanece elevado. Essa situação revela um dilema ético e político, onde os direitos humanos podem ser colocados em segundo plano em nome da segurança nacional. O futuro da Base Naval de Guantánamo, enquanto centro de detenção, continua a ser uma questão que desafia tanto a legislação internacional quanto os conceitos de direitos humanos.