Governo Lula tenta influenciar sucessão na Vale mesmo com extensão do mandato do CEO; analistas alertam para ingerência política.

A decisão do Conselho de Administração da Vale em estender o mandato do atual CEO da companhia até dezembro foi vista com cautela por conselheiros e analistas, que acreditam que o governo Lula continuará tentando influenciar a sucessão na mineradora. Isso se deve ao fato de que a lista tríplice para a escolha do próximo executivo terá que passar pelo crivo de integrantes do conselho alinhados ao governo.

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e maior acionista individual da Vale, com uma participação direta de 8,7%, e outros acionistas com ligações com o governo, como a Cosan, têm peso nas decisões que envolvem a empresa. Segundo uma fonte próxima às negociações que resultaram na prorrogação do mandato de Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale, até o final do ano, há uma forte influência indireta do governo por meio das empresas com assento no Conselho da mineradora.

A decisão de estender o mandato de Bartolomeo foi uma solução intermediária para atender aos interesses do executivo, que desejava ajudar na escolha de seu sucessor, e conter as pressões do governo, que defendia a substituição imediata. Dos 13 conselheiros, apenas dois se opuseram à proposta vencedora, que estabeleceu o término do mandato em dezembro de 2024.

Uma empresa de head hunter será contratada para selecionar três executivos para a sucessão na Vale. Bartolomeo solicitou participar do processo de escolha de seu substituto e atuará como consultor da empresa até dezembro de 2025. Para muitos, a extensão do mandato do atual CEO abre brechas para possíveis interferências do governo na gestão da Vale e pode afetar o desempenho da companhia.

Durante seu mandato, Bartolomeo focou na recuperação da reputação da Vale diante de questões ambientais e sociais, além de buscar a redução de riscos ligados ao armazenamento de resíduos de mineração. No entanto, investidores têm demonstrado preocupações com o desempenho operacional, o controle de custos e a gestão das relações com os estados e o governo federal, o que gera incertezas em relação ao futuro da empresa.

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