Paralelamente, as exportações brasileiras para a Venezuela também apresentaram crescimento. Nos primeiros sete meses de 2023, o Brasil exportou US$ 631,6 milhões para o regime venezuelano, enquanto no mesmo intervalo de 2022, o valor subiu para US$ 667,1 milhões. Esse movimento de intensificação das relações comerciais não é inédito na história recente entre os dois países. Em 2011, sob a presidência de Dilma Rousseff (PT), o Brasil alcançou o pico das importações, comprando um total de US$ 1,26 bilhão da Venezuela.
No entanto, a relação comercial sofreu grande retração a partir de 2016, durante o governo de Michel Temer. Em 2018, o Brasil comprou apenas US$ 103,6 milhões da Venezuela, e esse número reduziu-se ainda mais em 2019, sob a gestão de Jair Bolsonaro, atingindo US$ 59,6 milhões. O ponto mais baixo dessa trajetória foi registrado em 2020, durante o auge da pandemia de Covid-19, com importações somando apenas US$ 36,3 milhões.
A recente retomada do comércio entre os dois países é vista com desconfiança por diversos setores políticos e econômicos, especialmente devido às questionáveis políticas internas do regime de Maduro. A fidelidade ideológica da esquerda, liderada por Lula, ao governo venezuelano, é alvo de críticas tanto no Brasil quanto internacionalmente.
Em outra frente, o governo Lula enfrenta uma greve dos servidores de órgãos ambientais como Ibama, ICMBio e o Serviço Florestal Brasileiro, que tem travado a emissão de licenças ambientais. Em meio à paralisação, o deputado Hugo Leal (PSD-RJ) propôs um projeto de lei para permitir que estados e o Distrito Federal emitissem licenças em caso de greve nos órgãos federais. A proposta encontrou apoio significativo, tanto no centro quanto na oposição parlamentar, e ameaça ser um novo campo de batalha política para o governo federal.
A crescente interdependência comercial entre Brasil e Venezuela sob a atual administração, juntamente com os desafios internos, como as discussões sobre licenças ambientais, destacam a complexidade e as divergências nas políticas do governo Lula. A proximidade ideológica e financeira com o regime de Maduro levanta questões sobre os rumos das relações exteriores do Brasil e a direção econômica e ambiental do país a médio e longo prazo.