A data também representa um lembrete sobre a luta constante pela tolerância religiosa. Para Alan Cerqueira, estudante de História e filho de santo do Axé Pratagy, o dia é de celebração da força e da resistência das religiões de matriz africana: “Além de ser um dia em que clamamos por respeito às raízes afro-brasileiras, à ancestralidade e à diversidade que enriquece nosso país, é um momento em que reconhecemos a importância dessas religiões para nossa cultura e sociedade”.
Além do propósito de combate ao racismo religioso, a campanha também visa divulgar os serviços da Secretaria de Estado da Mulher e Direitos Humanos. A Semudh tem como objetivo apurar casos de intolerância religiosa, acompanhando denúncias e prestando assessoria jurídica. Para Jonathan Silva, superintendente interino de Políticas para a Igualdade Racial da Semudh, a campanha busca ampliar o alcance de mensagens de inclusão e respeito mútuo: “O objetivo é educar, conscientizar e mobilizar a população contra a discriminação, promovendo um ambiente de tolerância e respeito às diversidades religiosas”.
Além da campanha, a data celebra a memória do Quebra de Xangô – um acontecimento que resultou na morte da yalorixá Tia Marcelina e em severas perseguições às práticas religiosas de matriz africana. A iniciativa do Governo de Alagoas não somente celebra a memória desse evento, mas busca promover o reconhecimento da dor e sofrimento da comunidade religiosa, educando e informando o público sobre as religiões de matriz africana e mobilizando a sociedade civil para combater a intolerância religiosa.
O Quebra de Xangô aconteceu em 2 de fevereiro de 1912, quando a Liga dos Republicanos Combatentes, a mando de lideranças políticas alagoanas, invadiu cerca de 150 terreiros de Maceió, causando danos e mortes. Esse fatídico episódio levou ao fechamento de vários terreiros e à dispersão de líderes religiosos para outros estados. Em 2012, o Governo de Alagoas manifestou um pedido oficial de perdão pelo Quebra de Xangô. Essa data representa, portanto, um lembrete da importância de valorizar e respeitar a liberdade de crença e expressão das diferentes manifestações religiosas.