Atualmente, mais de 537 mil residências permanecem sem energia em São Paulo, um reflexo direto das consequências de uma forte tempestade que atingiu a cidade na última sexta-feira (11). A Enel admitiu que muitos dos cortes de energia foram provocados pela queda de árvores em linhas de transmissão, uma situação que, segundo a companhia, é de responsabilidade da administração municipal, que deveria realizar a poda das árvores.
O secretário Wadih Damous, da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), criticou a Enel por sua reincidência em falhas e por não ter cumprido as determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) após crises anteriores. Em novembro do ano passado, a cidade já havia enfrentado um apagão que durou quase uma semana, causado também por condições climáticas adversas. Damous reforçou que não há justificativa para a demora na recuperação do serviço e exigiu que a prefeitura informe sobre as práticas de poda na cidade.
A situação piora ainda mais em um contexto de intensa mobilização política, já que o apagão ocorre em plena campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, onde o atual prefeito Ricardo Nunes disputa o segundo turno contra o candidato de esquerda Guilherme Boulos, marcado para o próximo dia 27 de outubro. O governo federal também anunciou a abertura de uma auditoria completa para investigar o processo de fiscalização realizado pela Aneel sobre as ações da Enel.
A crise energética que se propagou pelo estado de São Paulo, somada à insatisfação popular e à pressão política, destaca um momento delicado e crucial para a gestão de crises no setor elétrico brasileiro. A população, afetada diretamente pela falta de luz, aguarda respostas rápidas e eficazes da concessionária, enquanto as autoridades prometem rigor na fiscalização e avaliações do cumprimento das normas estabelecidas.