De acordo com o ministro Haddad, o cerne do pacote consiste em um corte de gastos de R$ 70 bilhões ao longo de 2025 e 2026, resultado de diversas ações, como a limitação do crescimento do salário mínimo, restrição ao abono salarial e aumento de impostos para os chamados super-ricos. A repercussão imediata do anúncio foi a abertura do dólar em alta nesta quinta-feira, chegando próximo aos R$ 6 novamente.
Apesar das expectativas do mercado em relação ao Imposto de Renda, a equipe econômica do governo destacou que essa questão só será abordada em 2025, o que não foi bem recebido pelos agentes financeiros. A promessa de campanha do presidente Lula de isentar do IR os “pobres” aumentará o limite de isenção de renda mensal de R$ 2.824,00 para R$ 5.000,00, impactando na arrecadação do governo e limitando sua capacidade de investimento e financiamento da dívida.
A desvalorização do real nas últimas semanas reflete a crescente preocupação dos investidores com a gestão das contas públicas, especialmente diante de medidas impopulares que geram desconfiança. Em uma tentativa de conter o avanço das despesas obrigatórias, como os gastos previdenciários, o governo já bloqueou R$ 19,3 bilhões no orçamento deste ano, sendo R$ 6 bilhões anunciados na última sexta-feira.
Essa série de medidas visa equilibrar as contas públicas e conter o aumento das despesas, mas a falta de clareza e a demora na implementação de algumas ações têm gerado incertezas nos agentes financeiros. A expectativa é que o governo adote um maior diálogo com o mercado para dissipar dúvidas e garantir uma transição econômica mais suave nos próximos anos.