A percepção de especialistas, como Leon Victor, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco, é que a principal missão da nova ministra será deixar de lado as certezas ideológicas em prol de uma abordagem mais pragmática. Victor enfatiza que o sucesso da SRI depende da habilidade de Gleisi em fazer concessões e estabelecer um diálogo construtivo com o Congresso, que atualmente é fragmentado e dominado por um número considerável de parlamentares de centro-direita.
Este ponto eleva uma questão crucial: a capacidade de Hoffmann em transformar os desafios comunicativos do governo Lula em oportunidades. Com as recentes mudanças na equipe de comunicação do governo, a ministra deve confrontar o difícil desempenho do atual mandato, que, apesar de ter alcançado alguns números favoráveis, enfrenta grandes críticas em relação à sua gestão.
A governabilidade é um tema central, considerando que o Congresso abriga um mosaico político que apresenta representações variadas e, muitas vezes, conflitantes. Victor argumenta que Gleisi terá que se adaptar à necessidade de realizar troca de favores, dando “um passo para trás” em certas questões para avançar em outras. A dinâmica de sua liderança será distinta da que ela tradicionalmente exerceu à frente do PT, sendo necessária uma transição de foco do partido para a coalizão governamental.
Se a ministra conseguir estabelecer uma relação harmoniosa com o Congresso, especialmente enquanto Humberto Costa liderar o PT, as perspectivas para sua atuação na SRI poderão ser promissoras. Porém, é evidente que a transição de um papel de líderes de partido para o de gerentes de uma coalizão política impõe um desafio singular que exigirá habilidade e flexibilidade de Hoffmann em um cenário político em constante mutação.
A trajetória de Gleisi Hoffmann, que inclui sua experiência como senadora e ministra da Casa Civil, pode fornecer a bagagem necessária para enfrentar esses desafios. No entanto, a expectativa é que sua nova função demandará não apenas conhecimento político, mas também uma habilidade excepcional para negociar e ceder em prol de um bem maior—o sucesso do governo.