A nomeação do general brasileiro em um momento tão crítico levanta questões sobre o papel que ele poderá desempenhar nos esforços de resolução do conflito no Congo. As tensões atingiram seu ápice no final de janeiro, quando os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) lançaram uma ofensiva no leste da República Democrática do Congo, culminando na captura de várias cidades e na capital da província de Kivu do Norte, Goma. Estima-se que o conflito resultou em cerca de 900 mortes em poucos dias.
A substituição do comandante das forças militares da MONUSCO, antes lideradas pelo senegalês Khar Diouf, pelo general brasileiro Ulisses Mesquita Gomes foi vista como uma medida estratégica. Especialistas apontam que a escolha do Brasil para liderar as forças de paz na RDC está relacionada ao histórico do país em missões de paz e à experiência bem-sucedida anteriormente na expulsão do M23 do país.
O Brasil, tradicionalmente reconhecido por sua atuação em missões de paz, tem sido um parceiro importante da ONU nesse tipo de operação. Além de contribuir com tropas em várias missões passadas, o país estabeleceu um centro de formação de excelência em operações de paz. A participação brasileira em missões desse tipo é vista como uma oportunidade para os militares se aprimorarem e adquirirem conhecimento sobre novas ameaças e tecnologias.
A nomeação do general Ulisses Mesquita Gomes surge em um momento crucial, logo após a negociação de um cessar-fogo entre os rebeldes do M23 e o governo de Félix Tshisekedi. Especialistas acreditam que o papel do general será crucial para criar um cenário favorável à negociação política e ao fim do conflito na região. A presença do Brasil como líder das forças de paz da MONUSCO é vista como um fator positivo para a construção de uma solução duradoura para a crise no Congo e para a estabilidade na região dos Grandes Lagos africanos.