Essa ação legal está diretamente relacionada aos trágicos eventos de 5 de julho de 2009, quando manifestações pacíficas em apoio ao retorno de Zelaya culminaram em violência militar. Durante os confrontos, Isis Obed Murillo Mencías foi fatalmente ferido com um tiro na cabeça, e Alex Roberto Zavala sofreu lesões graves que também resultaram em sua morte. As investigações do Ministério Público indicam que as forças armadas usaram força excessiva, disparando contra os manifestantes com rifles de alto calibre, em um ato que foi considerado desproporcional e injustificável.
O MP revelou que as ordens para essa repressão violenta partiram diretamente dos altos escalões militares, que não apenas falharam em controlar a situação, mas também facilitaram as atrocidades. A instituição classificou as ações dos militares como graves violações dos direitos humanos, deixando os cidadãos desprotegidos frente a uma força armada que agiu com brutalidade.
Romeu Vásquez Velásquez, que já havia tentado concorrer à presidência em 2021, negou as acusações e alegou ser uma vítima de perseguição política pelo que classificou como um “governo comunista”. A prisão e as acusações representaram uma importante virada na busca por justiça em um país ainda marcado pelas consequências daquele golpe militar, que provocou ampla instabilidade política e social.
À medida que o governo atual, sob a presidência de Xiomara Castro—esposa de Zelaya—toma forma, muitos esperam que esse movimento represente um passo à frente na reconciliação e na recuperação dos direitos humanos no país. As investigações contínuas e os desdobramentos judiciais por parte do Ministério Público podem sinalizar um novo capítulo na história política de Honduras, um país que há muito tempo luta contra a impunidade e a violação dos direitos civis.