A porta-voz do Unicef, Tess Ingram, chamou atenção para a crise nos hospitais, onde grávidas chegam a sofrer com o colapso do sistema de saúde e bebês nascem órfãos de mãe. Ingram, que visitou a Faixa de Gaza recentemente, descreveu encontros “desoladores” com mulheres presas no caos, como o caso de Mashael, grávida que teve sua casa atingida por um bombardeio, resultando na morte de seu marido.
A situação das grávidas e dos recém-nascidos na Faixa de Gaza é considerada “inconcebível” pela representante do Unicef, que denunciou a dificuldade para acessar atendimento médico, nutrição e proteção adequados antes, durante e após o parto. Ela revelou também o relato de uma enfermeira que teria realizado cesarianas de emergência em seis mulheres mortas nas últimas oito semanas.
A taxa de mortalidade infantil no enclave palestino é desconhecida, mas é seguro dizer que as crianças estão morrendo por causa da crise humanitária no local, bem como por causa das bombas e balas, afirmou Ingram, revelando que há cerca de 135 mil crianças menores de dois anos em risco de desnutrição grave.
A crise no Oriente Médio se agrava com a agressão israelense que deixou 1,2 mil mortos e centenas de reféns, enquanto o Estado judeu promete “aniquilar” o Hamas. A funcionária do Unicef encerrou seu discurso pedindo uma trégua no conflito: “A humanidade não pode permitir que esta versão distorcida da normalidade persista por mais tempo. Mães e recém-nascidos precisam de um cessar-fogo humanitário.”
Enquanto isso, em meio aos bombardeios e ao “cerco total” imposto sobre Gaza, a situação de saúde se agrava, com unidades suspendendo boa parte de suas atividades e falta de medicamento, água e eletricidade. O hospital dos Emirados Árabes Unidos, em Rafah, agora atende a grande maioria das grávidas de Gaza, mas com recursos limitados e condições saturadas, colocando as mães em risco de abortos, natimortos, partos prematuros, mortalidade materna e trauma emocional.
O apelo do Unicef pela proteção das mães e recém-nascidos ressoa no mundo inteiro, enquanto a crise humanitária na Faixa de Gaza continua sem perspectiva de resolução. O impacto do conflito na saúde das crianças e das mães é devastador e, sem uma solução imediata, a situação continuará a se deteriorar. A comunidade internacional deve agir rapidamente para evitar que mais vidas sejam perdidas e um cessar-fogo humanitário seja estabelecido para garantir a segurança e o bem-estar das famílias na região.