Desde o fim de maio, a população tem sido atendida por um sistema de distribuição gerido pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma iniciativa que conta com o apoio de Israel e dos Estados Unidos. Entretanto, a estrutura tem sido alvo de severas críticas e rotulada como uma “armadilha mortal”. Jonathan Whittall, coordenador da Agência das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA), afirmou que “tentar sobreviver em Gaza se tornou uma sentença de morte”. Os centros de entrega de alimentos têm se tornado verdadeiras zonas de combate, onde a segurança dos cidadãos é constantemente ameaçada.
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos corroborou que 410 civis perderam a vida nas filas de espera da GHF desde 26 de maio, um número que gerou preocupações sobre possíveis crimes de guerra. A ONU e outras organizações humanitárias estão relutantes em colaborar com o modelo estipulado por Israel, defendendo que o processo em vigor fere os princípios de neutralidade e segurança.
A situação alimentar representa outra dimensão da crise. Estima-se que mais da metade da população de Gaza enfrenta níveis extremos de fome, um quadro que se agrava desde o início da guerra em outubro de 2023. O bloqueio à entrada de alimentos e insumos, em conjunto com os constantes bombardeios, exacerbou a escassez de recursos. Organizações internacionais acusam Israel de utilizar a fome como uma ferramenta de guerra, já que mais de 56 mil civis morreram e 130 mil ficaram feridos ao longo dos últimos meses.
Apesar das constantes denúncias e da perplexidade da comunidade internacional, Tel Aviv insiste que os pontos de distribuição foram estabelecidos para garantir um fornecimento seguro de alimentos à população. No entanto, a narrativa oficial é desafiada por vídeos e relatos que documentam os horrores enfrentados por aqueles que buscam alimentação em meio ao caos.