De acordo com uma análise realizada pelo setor contábil da empresa, foram identificadas operações de financiamento de compras no valor aproximado de R$ 20 bilhões, o que levou as Americanas a deverem quantias significativas a instituições financeiras. No entanto, essas dívidas não estavam devidamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras da companhia.
Logo após o anúncio dessas inconsistências, o Grupo Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial como forma de se proteger de cobranças imediatas e salvaguardar seus negócios e patrimônio. Mas as revelações não pararam por aí. Meses depois, a empresa admitiu que as inconsistências eram resultado de fraudes contábeis.
Após uma auditoria independente, descobriu-se que a antiga diretoria da Americanas havia manipulado dados contábeis, totalizando um montante de R$ 25,3 bilhões. Essas fraudes envolviam contratos de verbas de propaganda cooperada (VPC) fictícias, criadas artificialmente para melhorar os resultados operacionais da empresa, sem efetiva contratação de fornecedores para os serviços.
Além disso, foram identificadas operações de risco sacado, que consistiam na antecipação de pagamentos aos fornecedores por meio de empréstimos bancários, sem o devido lançamento na contabilidade da empresa. Essas operações, que envolviam o pagamento de juros, ocultaram bilhões em dívidas.
Ex-diretores da empresa estão sob investigação da Polícia Federal, com prisão preventiva decretada para dois deles, que tiveram seus mandados convertidos em medida cautelar de retenção para evitar que deixassem o país. Uma CPI instalada na Câmara dos Deputados em 2023 revelou que a dívida da empresa com os credores, considerando as inconsistências contábeis, ultrapassava os R$ 42 bilhões.
Fundadas em 1929 por empresários americanos, as Lojas Americanas iniciaram suas atividades oferecendo produtos a preços acessíveis. Com o passar dos anos, a empresa se tornou uma sociedade anônima e expandiu seus negócios, inclusive entrando no mercado digital no início dos anos 2000. Recentemente, o Grupo Americanas anunciou o encerramento das operações dos sites de vendas Shoptime e Submarino como parte de uma nova estratégia de negócios.