Dentre os temas abordados, destacou-se a necessidade urgente de compartilhamento de melhores práticas e conhecimentos para enfrentar os desafios impostos pelas transações comerciais digitais, que frequentemente favorecem grandes corporações em detrimento de menores empresas, startups e empreendedores. O diretor do Centro de Direito e Política de Concorrência do BRICS, Aleksei Ivanov, enfatizou a importância de um espaço colaborativo onde as nações possam trocar experiências sobre as dificuldades enfrentadas por suas respectivas autoridades, especialmente em contextos de crescente monopolização.
Ivanov alertou sobre a monopolização de setores essenciais, como a agricultura, e como esta prática tem enormes repercussões adversas na economia. Ele exemplificou com o Brasil, que, mesmo sendo um dos maiores exportadores de soja, acaba atrelado a canais de comércio controlados por um oligopólio de poucos traders. Essa configuração não apenas prejudica os agricultores na obtenção de um preço justo, como também permite manipulações no mercado por meio do controle de informações sobre logística e estoques.
No contexto da IA, as corporações ocidentais continuam a ser as principais responsáveis pela construção da infraestrutura digital, moldando os preços e restringindo a concorrência. O fórum promoveu um espaço vital para que as nações em desenvolvimento pudessem se unir contra essas estruturas de poder, criando redes que possibilitem negociações mais justas e eficazes.
O evento também ofereceu um espaço para discutir a interseção entre proteção de dados e concorrência, uma temática considerada cada vez mais relevante no atual panorama digital. Luca Belli, professor da FGV e um dos participantes, destacou que a concentração de dados pessoais representa um risco considerável para a competição no mercado, tornando essa discussão fundamental para os reguladores presentes.
Com a próxima Cúpula de Chefes de Estado do BRICS prevista para o primeiro semestre de 2025, também no Brasil, o encontro serviu como um importante prelúdio, abordando uma agenda que promete fortalecer a colaboração entre os membros do bloco e garantir uma governança mais inclusiva e sustentável no cenário global.