Dentre os palestrantes confirmados estão o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e Celso Amorim, assessor-chefe da Presidência. Segundo João Bosco, presidente do Fórum Brasil-África, o objetivo deste encontro é identificar as lacunas e oportunidades existentes em termos de infraestrutura nas duas regiões. Ele destaca a diversidade de necessidades na África, com seus 54 países, cada um apresentando contextos e desafios próprios.
O evento será uma plataforma para discutir assuntos como inteligência artificial, parcerias público-privadas, agricultura e energias renováveis. Bosco enfatizou a importância de que o fórum não se limite apenas a representações do Brasil e da África, mas que engaje outros parceiros globais que possam contribuir com investimentos e colaborações. Ele mencionou a participação de delegações de países como Emirados Árabes, China e Rússia, além de uma significativa representação de nações africanas.
Bosco também trouxe à tona exemplos práticos de cooperação já em andamento, como um projeto de um cabo submarino que ligará Luanda a Fortaleza, e a presença da ACSA, uma empresa sul-africana que administrou o aeroporto de São Paulo. Para o presidente, as relações entre Brasil e África precisam ser reestabelecidas em uma base sólida, reconhecendo a história comum e as raízes culturais que os unem.
Analisando o atual cenário das relações internacionais, Anselmo Otávio, professor da Universidade Federal de São Paulo, apontou que o Brasil está tentativamente buscando reconstruir seus laços com o continente africano, movimento marcado por iniciativas que visam a reintegração do país no cenário global. Ele lembrou a importância da educação, citando programas que permitem que estudantes africanos estudem no Brasil, além de mencionar a defesa da inclusão da União Africana no G20.
Contudo, Otávio advertiu que o Brasil não pode competir com a grande potência da China em termos de investimentos diretos em infraestrutura. Em vez disso, ele sugere que o Brasil deveria concentrar seus esforços em áreas onde pode fazer a diferença, como a ajuda humanitária e projetos de combate à fome e à pobreza. Para ele, o sucesso no fortalecimento das relações com o continente africano requer uma estratégia de longa duração, com continuidade nas ações e programas implementados. “É preciso ter uma política contínua dentro de um continente que cada vez mais ganha relevância no âmbito global”, concluiu.