Ministro Alexandre de Moraes Sob Ataques em Editorial da Folha de S.Paulo
Em um novo desdobramento das tensões entre o jornalismo e o poder judiciário no Brasil, a Folha de S.Paulo publicou nesta quinta-feira um editorial fortemente crítico ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria sugere que as ações do magistrado estão sendo alvo de escrutínio devido ao seu manejo das investigações relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, com um subtexto que sugere a anulação das condenações dos envolvidos nos eventos golpistas de 8 de janeiro.
O editorial enfatiza a necessidade de uma rigorosa atenção pública sobre os procedimentos informais que, segundo o veículo, envolvem o ministro e sua equipe em investigações lideradas por ele. A crítica central é direcionada à concentração de poder em um único magistrado, apontando para o que descreve como um inquérito das fake news de caráter heterodoxo e aparentemente interminável.
Embora preserve a boa-fé de Alexandre de Moraes, o texto questiona os métodos adotados para enfrentar a ameaça de ruptura institucional associada ao bolsonarismo. O editorial marca uma distinção importante entre as práticas de autocracias e os princípios do Estado democrático de Direito, advogando pela necessidade de transparência e regularidade nos processos investigativos e judiciais.
A publicação argumenta contra a existência de um "poder nas sombras," que considera ilimitado, e defende que o cumprimento dos objetivos institucionais deve seguir caminhos claros e transparentes. A imagem que a Folha de S.Paulo constrói é a de um juiz que, operando por meio de ordens informais, escolhe seus alvos de maneira incompatível com os ideais das liberdades civis.
As críticas também se estendem ao comportamento dos colegas de Moraes no STF, acusando-os de oferecerem um "salvo-conduto" injustificado ao ministro, revelando um suposto espírito de corpo. Segundo o editorial, tal postura pode permitir que acusados e investigados venham a solicitar a nulidade de provas ou a reversão de decisões com base nas informações reveladas pelo jornalismo profissional.
Esse cenário, conforme argumenta a Folha de S.Paulo, promete alimentar ainda mais a antipatia de uma parcela significativa da sociedade em relação ao tribunal, que deveria, segundo o editorial, ser o guardião das prerrogativas fundamentais dos brasileiros, entre elas o devido processo legal. O esgrimir destas críticas assinala um ponto alto nas tensões que envolvem a cobertura jornalística, a atuação do Judiciário e as disputas políticas que inflamam o cenário brasileiro.