Segundo Yañez, ao revelar ao então parceiro que estava grávida, a reação foi de absoluto desprezo. Fernández teria respondido com frieza: “Temos que resolver isso. Você tem que abortar.” A ex-primeira dama também relatou que, em outra gravidez, sofreu chutes no estômago, o que, se confirmado, pode agravar ainda mais a situação judicial do ex-presidente. A Justiça incluiu a possibilidade de uma nova perda de gravidez em 2021, época em que o casal vivia na Quinta de Olivos, um ponto ainda não esclarecido por Yañez.
Ela detalhou que o relacionamento tóxico começou antes mesmo da presidência de Fernández. Yañez mencionou ter sido submetida a um controle extremo. “Eu tinha que responder suas mensagens a cada três minutos, por isso parei de sair e me afastei dos amigos”, afirmou. Ao mesmo tempo, contou que, enquanto ela evitava interações sociais para saciar a sede de controle do parceiro, Fernández se envolvia com outras mulheres.
O clima de abuso emocional oscilava entre desprezo e manipulação. “Comecei a sentir os primeiros sintomas da gravidez e nem pude comentar, porque para ele não existíamos, nem eu nem esse bebê”, relatou Yañez. Ela descreveu ter entrado em uma espiral de violência reprodutiva, onde suas ações e omissões, como silêncio e desprezo, minaram sua autoestima e autonomia.
O compromisso do casal foi oficializado em maio de 2016, em Paris, e, de acordo com Yañez, a gravidez ocorreu logo depois de começarem a morar juntos. Ela ressaltou que havia uma promessa de formar uma família, o que tornou a desilusão ainda mais dolorosa quando Fernández reagiu negativamente à notícia. “Desta vez em relação ao nosso filho por nascer, ele disse: ‘isso não pode acontecer, estou em choque’”, contou.
O relato de Yañez cria uma imagem perturbadora de um relacionamento marcado por controle, manipulação e violência. Durante a audiência, ela apresentou um documento de 18 páginas, onde descreveu minuciosamente cada um desses episódios, trazendo à luz questões essenciais sobre a violência contra a mulher, especialmente no campo da reprodução e da autonomia pessoal.
Em meio a essas revelações, a sociedade aguarda os próximos passos da Justiça e busca compreender os impactos dessa narrativa complexa e cheia de dor. As alegações graves contra Fernández, se comprovadas, poderão redefinir percepções e trazer à tona debates urgentes sobre os direitos das mulheres e a violência reprodutiva.
