Uma explosão em um posto de gasolina deixou mais de 200 feridos em Nagorno-Karabakh, região que voltou a ser palco de conflitos entre armênios e azeris recentemente. Autoridades separatistas da região informaram sobre a tragédia nesta segunda-feira. A explosão ocorreu durante a fuga maciça da população, após o Azerbaijão tomar o controle do enclave, cujo território é alvo de disputas há mais de um século.
Segundo Gegham Stepanyan, encarregado de direitos humanos de Nagorno-Karabakh, a maioria dos feridos está em estado grave ou muito grave. A origem da explosão ainda não está clara, mas o incidente ocorreu perto da capital, Stepanakert, onde vive um terço da população de 120 mil pessoas. O momento da explosão coincidiu com a fuga de dezenas de pessoas que estavam abastecendo seus carros para deixar o enclave.
Entidades internacionais demonstraram preocupação com a possibilidade de uma nova limpeza étnica armênia promovida pelas forças do Azerbaijão. O país assegurou que irá respeitar os direitos humanos de todos os cidadãos, independentemente da etnia. No entanto, desde o início do conflito deste mês, cerca de 6.650 pessoas já fugiram da área em direção à Armênia por temerem a violência.
Nagorno-Karabakh é um território marcado por conflitos, sendo palco de duas guerras civis no passado. A primeira ocorreu em 1917, após a Revolução Bolchevique, e a segunda foi após o colapso da União Soviética, em 1991, terminando apenas em 1994 com um cessar-fogo mediado pela Rússia. Entre esses períodos, aproximadamente 30 mil pessoas perderam suas vidas em um genocídio contra a população armênia.
Em 2020, um novo conflito eclodiu, resultando em 6.500 mortes em seis semanas, antes de ser estabelecido um acordo de cessar-fogo também mediado pela Rússia. A guerra terminou com uma derrota significativa para a Armênia, que foi forçada a ceder ao Azerbaijão importantes territórios próximos ao enclave e uma parte da região.
Apesar da vitória no conflito, o Azerbaijão ainda não conseguiu alcançar todos os seus objetivos, incluindo a instalação de um corredor terrestre para o exclave de Naquichevão, que daria ao país uma ligação direta com a Turquia, um de seus principais aliados.
As tensões que levaram à ofensiva atual começaram no final de 2022, quando o Azerbaijão instalou postos de controle no Corredor de Lachin, bloqueando a entrada de alimentos e medicamentos para a população de Nagorno-Karabakh.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, se reuniu nesta segunda-feira com o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, em Naquichevão e anunciou a construção de um gasoduto no local. Erdogan afirmou que a vitória azeri em Nagorno-Karabakh é motivo de orgulho.
Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos aproveitou o momento para criticar a Rússia por não ter impedido o Azerbaijão de tomar o enclave. Moscou havia enviado 3 mil agentes de paz para monitorar a situação após os combates de 2020, mas sua atenção foi desviada para a guerra na Ucrânia.
O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, também criticou a Rússia por não ter agido quando o Azerbaijão tomou territórios habitados por etnias armênias separatistas na semana passada. Ele expressou preocupação com o risco de limpeza étnica e a expectativa de migração dos civis que vivem na região montanhosa para a Armênia.