“Recordo que houve uma convocação do presidente da República”, afirmou o delegado da Polícia Federal. Ele relatou que, após a live, Torres buscou informações técnicas junto a especialistas da PF para verificar a segurança das urnas eletrônicas, um procedimento que aparentemente revelou a falta de conhecimento técnico sobre o assunto por parte do ex-ministro. Vieira também esclareceu que o documento apresentado durante a live foi elaborado por peritos criminais da PF, embora ele não estivesse ciente do conteúdo desse material.
Anderson Torres, que está sob investigação, enfrentou prisão preventiva por quatro meses a pedido do ministro Alexandre de Moraes. O ex-ministro é acusado de suposta omissão no que se refere à segurança pública durante a invasão das sedes dos Três Poderes em Brasília, um episódio que chocou o país e levantou questões sobre a proteção das instituições democráticas. Durante as investigações, foram encontrados em sua residência um esboço de decreto que buscava anular as eleições e implementar um Estado de Defesa junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na mesma audiência, outros funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) prestaram depoimentos sobre seus papéis durante o governo Bolsonaro. Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de operações da PRF, destacou que as blitze realizadas no segundo turno das eleições de 2022 tinham o intuito de verificar a condição dos veículos e transportadores, e garantiu que não houve obstrução significativa ao fluxo de transporte. Embora reconhecesse uma operação em ônibus que se deslocavam de outras regiões do Brasil para o Nordeste, Moura negou qualquer direcionamento específico nessas ações.
As implicações dessas revelações continuam a ecoar no ambiente político e jurídico, uma vez que o Brasil ainda busca entender as consequências da crise institucional vivida nos últimos anos.