Ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, renuncia ao parlamento em desacordo com políticas de recrutamento militar e confrontos internos no governo.

O ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou sua renúncia ao Parlamento israelense, a Knesset, durante uma transmissão ao vivo que provocou uma série de reações nas esferas políticas do país. A decisão de Gallant, que até então era um dos principais membros do governo, foi impulsionada por suas divergências com as novas diretrizes do atual ministro da Defesa, Israel Katz, e com as políticas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Em sua declaração, Gallant expressou preocupação com a recente mudança na legislação de recrutamento militar que, segundo ele, não atende às necessidades das Forças de Defesa de Israel (FDI) e compromete a segurança nacional. Ele destacou que, desde sua destituição do cargo de ministro da Defesa, o governo tem se apressado em aprovar uma lei que isenta muitos jovens do setor ultraortodoxo do serviço militar, algo que Gallant não pode aceitar. “O projeto de lei visa conceder isenção do serviço militar à maioria dos jovens do setor ultraortodoxo. Não posso ser parte disso”, afirmou, enfatizando sua postura crítica em relação à polarização que a questão do recrutamento tem trazido.

Gallant, que continua filiado ao partido Likud, disse que planeja retornar à política, afirmando “Eu voltarei”. Esta renúncia acontece em um contexto de tensão em Israel, onde a questão do serviço militar obrigatório tem gerado amplos debates e controvérsias. A população ultraortodoxa, por muitos anos, gozou de isenções devido ao seu envolvimento em estudos religiosos, com a crença de que essa dedicação contribui de forma significativa para a estabilidade do Estado.

No entanto, a Suprema Corte de Israel, em decisão unânime, anulou essa isenção, apontando que ela violava o princípio da igualdade entre os cidadãos. Como resultado, novas regras de recrutamento começaram a ser implementadas, exigindo que na próxima década cerca de 50% dos jovens ultraortodoxos sejam convocados para o serviço militar. Gallant, que tinha acomodado a expansão do recrutamento ao incluir os jovens das escolas religiosas, agora parece estar em desacordo com as medidas que seu sucessor está introduzindo.

A renúncia de Gallant também reflete tensões mais amplas dentro do governo Netanyahu, onde as políticas de segurança e recrutamento têm enfrentado resistência tanto de membros do próprio governo quanto da sociedade em geral. Agora, resta aguardar como as movimentações políticas seguirão após esta nova reviravolta que certamente moldará o futuro do debate na Knesset e a direção das políticas em Israel.