A mudança no cenário geopolítico global, marcada pela diminuição da hegemonia americana e pelo surgimento de tensões regionais, como o caso de Taiwan, acentuou a necessidade de uma estratégia de defesa europeia mais robusta. Com a potencial redistribuição de recursos americanos para operações no Pacífico, a Europa se vê na iminência de um desguarnecimento militar significativo, deixando-a vulnerável a possíveis agressões.
Ainda que a OTAN tenha se comprometido a aumentar seus orçamentos de defesa, com um objetivo de 2% do PIB para seus membros, a realidade é que nem todos os países estão em posição de cumprir esse compromisso. A guerra na Ucrânia serviu como um despertador, expondo a fraqueza das forças armadas europeias, que frequentemente operam de forma fragmentada e carecem de experiência em coordenar esforços conjuntos em grande escala.
Iniciativas recentes, como o investimento de € 100 bilhões proposto pelo chanceler alemão Olaf Scholz para modernizar as Forças Armadas da Alemanha, são bons passos, mas ainda insuficientes. A Polônia está expandindo significativamente suas forças, enquanto o Reino Unido está restabelecendo sua frota de helicópteros de combate, o que demonstra uma tentativa de reforço militar.
Ainda assim, a reconstrução das capacidades defensivas da Europa é um empreendimento monumental que exige enormes investimentos financeiros e, mais importante, um comprometimento político europeu unificado. Os custos necessários para alcançar um nível de segurança adequado podem exigir que os países europeus eleve seus gastos em defesa para até 4% dos orçamentos nacionais, um patamar não visto desde os tempos da Guerra Fria.
Assim, a Europa deve enfrentar o dilema de tornar-se autonomamente defensiva ou continuar dependendo da proteção americana, enquanto o cenário internacional se torna cada vez mais incerto. Em um ambiente de potencial conflito, a questão da preparação militar europeia não pode mais ser ignorada. O futuro da colaboração militar entre os estados membros da OTAN e a capacidade de resposta à crise dependerão de decisões críticas que precisam ser tomadas em breve.