A Saab confirmou a solicitação feita pelo governo dos EUA, afirmando que colaborará com a investigação. A empresa já havia passado por investigações conduzidas pelas autoridades brasileiras e suecas, que não encontraram quaisquer evidências de irregularidades no processo de licitação. Isso levanta questões sobre o que motivou o Departamento de Justiça a abrir um novo procedimento.
Especialistas vão além e falam sobre a prática de “lawfare”, um termo que se refere ao uso do aparato legal de um país como uma ferramenta de ataque ou pressão sobre outros estados. Para eles, essa intimidação não se trata simplesmente de buscar justiça ou combater corrupção, mas sim de uma estratégia para enfraquecer a concorrência no setor de defesa, favorecendo indústrias norte-americanas.
Erick Andrade, doutorando em ciências militares, sugere que a queda das ações da Saab, que viu uma desvalorização de 6,38% após a notícia, é uma indicação dos efeitos econômicos que tais ações têm, levantando a possibilidade de que os EUA estejam tentando proteger sua própria indústria de defesa. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a intimação, considerando-a uma “intromissão” nos assuntos brasileiros, e reitera que a soberania do país deve ser respeitada.
Históricos e analistas apontam que essa não é a primeira vez que os EUA se envolvem em questões de defesa de países estrangeiros, especialmente quando isso afeta suas próprias indústrias. A atuação americana se dá, frequentemente, por meio de regulamentações, como o ITAR, que controla a exportação de tecnologias militares e pode limitar a transferência de equipamentos e conhecimentos a nações consideradas concorrentes ou que não se alinhem com seus interesses estratégicos.
Esse episódio destaca a complexa dinâmica entre soberania, interesses nacionais e a interdependência que o Brasil experimenta em sua procura por autonomia no setor de defesa.









