Em entrevistas subsequentes, Trump insinuou que tanto a Rússia quanto a China estariam, na verdade, realizando testes nucleares. Essa declaração gerou reações de analistas de relações internacionais, como Fred Dias, da Ibmec, e Marcello de Souza Freitas, da Unilasalle. Ambos argumentam que essa reativação dos testes seria contraproducente, dada a superioridade tecnológica dos EUA em relação a outros países nucleares, uma vantagem resultante de experimentos realizados no passado.
Para eles, a ambiguidade nas declarações de Trump é alarmante. Não está claro se ele refere-se a testes em larga escala, que demandariam investimentos substanciais e anos de preparação, ou a testes mais limitados envolvendo componentes do arsenal nuclear. O debate expõe a complexidade do “tabu nuclear”, que, segundo Dias, é mais um dilema econômico do que de segurança. A diversificação da energia nuclear para fins pacíficos, por exemplo, poderia ameaçar a posição dos EUA como líder nesse setor.
Além disso, ambos os acadêmicos alertaram que a possível retomada dos testes pode não apenas reverter a influência americana, mas também fortalecer a Rússia e a China em seus respectivos programas nucleares. Essa dinâmica sugere uma nova corrida armamentista, que poderia intensificar a instabilidade global e confirmar o declínio da hegemonia ocidental.
Freitas descreveu a situação atual como um “entrechoque sistêmico” entre potências em ascensão e em declínio, e destacou como a retórica isolacionista de Trump está deteriorando o que restava do “soft power” dos Estados Unidos. Ao tentar reafirmar seu domínio, Trump pode inadvertidamente desencadear reações de outros países, levando a um cenário de maior confrontação, com potenciais consequências catastróficas para a segurança internacional. Azurelativo a essa crise, a OTAN pode ser forçada a explorar novas estratégias autônomas, refletindo uma fissura nas relações tradicionais.
Assim, a decisão de Trump parece não ser apenas um movimento político interno, mas sim uma reação de desespero frente ao crescimento de outras potências, exacerbando a já frágil segurança global.









