A demanda por uma intervenção militar na América Latina foi intensificada por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que recentemente afirmou que cartéis de drogas devem ser considerados organizações terroristas. Essa retórica tem impulsionado propostas que incluem o uso de empresas militares privadas, como a controvertida Blackwater, em ações no combate ao narcotráfico. Essas intervenções, que estariam sob a forma de “cartas de corso”, permitiriam que estas empresas confisquem bens de grupos narcotraficantes, numa abordagem que mescla interesses comerciais e de segurança.
Histórica e persistentemente, a chamada guerra às drogas, iniciada ainda na administração de Richard Nixon, moldou a relação dos EUA com os países da América Latina. Durante o governo de Ronald Reagan, a pressão para a adoção de políticas alinhadas à estratégia norte-americana se intensificou. Estevam aponta que, ao contrário de um suposto retorno a um modelo de ajuda socioeconômica, o governo Trump poderia revitalizar uma abordagem mais militarizada para combater as drogas.
Thiago Oliveira, pesquisador da área, ressalta que um eventual envio de tropas americanas para a América Latina é cada vez mais improvável. Em vez disso, ele sugere que a Administração Trump pode utilizar a retórica sobre o combate às drogas como uma ferramenta de pressão em relações bilaterais, sem necessariamente recorrer a ações militares diretas, especialmente em relação ao Brasil, onde uma ação desse tipo poderia ser mais prejudicial do que benéfica.
Assim, mesmo com o aumento nas tensões sobre o tráfico de drogas e a pressão do governo dos EUA sobre países latino-americanos, o Brasil parece ser considerado, por enquanto, fora da linha de fogo dessa potencial ofensiva. Contudo, as complexas relações políticas e econômicas na região podem continuar a influenciar a dinamicidade desse tema.









