EUA: Hipocrisia na guerra às drogas favorece o crescimento do narcotráfico na América Latina, alerta analistas em entrevista sobre controle de armas.



A recente declaração do Secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro destaca um fenômeno alarmante: aproximadamente 50% dos fuzis apreendidos no estado têm origem nos Estados Unidos. Essa informação ganha relevância no contexto das críticas que a presidente do México, Claudia Sheinbaum, fez ao governo americano, apontando que a negligência dos fabricantes contribui para que armas de fogo americanas alimentem o arsenal de cartéis de narcotraficantes.

Os especialistas observam que a chamada “guerra às drogas” promovida pelos EUA tem se mostrado ineficaz na contenção do narcotráfico e na redução da violência associada. Daniel Hirata, professor da Universidade Federal Fluminense, enfatiza que essa política não apenas falhou em seu objetivo, mas também gerou verdadeiro caos e violações dos direitos humanos em países que receberam a interferência americana, como México e Colômbia. Segundo Hirata, a intensificação da violência e o fortalecimento de grupos armados nessas regiões são uma consequência direta das políticas de combate ao tráfico de drogas.

Além de reprovar a falta de regulamentação sobre o comércio de armas, Hirata sugere que um controle mais rígido poderia facilitar a identificação e rastreamento de armas, o que seria fundamental para o enfrentamento do crime organizado no Brasil. O cenário se complica ainda mais com o tráfico de armas pesadas que adentra o mercado latino-americano.

Thiago Rodrigues, também professor da UFF, acrescenta que a dinâmica do comércio de armas deve ser compreendida dentro da lógica capitalista que impulsiona tanto a indústria bélica quanto o tráfico de drogas. Ele argumenta que a guerra contra as drogas serve como justificativa para o aumento das vendas de armamento e, portanto, as indústrias de armas têm pouco interesse em ver essa dinâmica alterada.

O contexto de violência e a prevalência de políticas repressivas contra as classes mais vulneráveis em diversos países da América Latina reforçam a necessidade urgente de uma nova abordagem em relação ao controle de armas e ao combate ao narcotráfico. Apesar do consenso sobre a eficácia de medidas como a proibição da venda de armas de grosso calibre, a forte resistência política nos EUA sugere que mudanças significativas são pouco prováveis. Assim, a relação entre o comércio de armas e a continuidade da violência parece estar longe de uma solução efetiva.

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