Estudo revela que pessoas da Era do Gelo na Europa usavam piercings nas bochechas há 30.000 anos, indicando práticas sociais intrigantes daquela época.

Durante a Era do Gelo, há cerca de 30.000 anos, os habitantes da Europa Central não apenas enfrentavam condições climáticas adversas, mas também se adornavam de maneiras intrigantes. Recentes pesquisas revelam que essas populações utilizavam piercings, conhecidos como labrets, nas bochechas e áreas ao redor dos lábios. Essas práticas de modificação corporal, além de estéticas, poderiam estar carregadas de significados sociais e culturais, servindo como um sinal de pertencimento a grupos específicos.

O antropólogo John Willman, da Universidade de Coimbra, Portugal, liderou um estudo que analisou esqueletos da cultura pavloviana, que habitou a região entre aproximadamente 25.000 e 29.000 anos atrás. A partir de suas investigações, Willman concentrou-se nas marcas de desgaste dentário encontradas nos restos. De acordo com o cientista, essas marcas eram indicativas do uso prolongado de labrets, que são piercings inseridos na região do lábio inferior ou nas bochechas.

O termo labret deriva do latim “lábio” e, embora o uso desse tipo de piercing seja documentado em várias culturas ao longo da história, o desafio na arqueologia permanece: nenhum artefato físico relacionado a labrets foi encontrado em sepulturas pavlovianas, provavelmente devido à natureza perecível dos materiais de que eram feitos, como madeira ou couro.

Willman sugere que o uso de labrets entre os pavlovianos poderia estar ligado a rituais de passagem ou cerimônias associadas à puberdade ou ao casamento. O estudo detalha que, conforme as pessoas usavam esses piercings, poderiam ocorrer efeitos adversos, como o movimento dos dentes e problemas periodontais, tornando necessário um cuidado especial na realização desses adornos corporais.

Essas descobertas não apenas lançam luz sobre os hábitos estéticos da época, mas também provocam questionamentos mais profundos sobre as interações sociais, a identidade e a cultura material das sociedades pré-históricas da Europa. Assim, a pesquisa de Willman se mostra fundamental para a compreensão das complexas dinâmicas culturais que caracterizavam os seres humanos durante um dos períodos mais desafiadores da história da Terra.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo