A terapia celular CAR-T é considerada um dos principais avanços em imunoterapia, utilizando células do próprio paciente para combater o câncer. No entanto, alguns pacientes podem parar de responder ao tratamento, levando os cientistas a buscarem formas de torná-lo mais eficaz. Foi nesse contexto que pesquisadores compararam a resposta ao tratamento em camundongos com linfoma que receberam diferentes tipos de alimentação.
Os resultados apontaram que os ratinhos que se submeteram a uma dieta cetogênica, caracterizada por ser pobre em carboidratos e rica em gordura, tiveram melhores respostas e maior sobrevida em comparação com os alimentados com outros modelos alimentares. Isso se deve ao processo de cetose induzido pela dieta cetogênica, em que o organismo utiliza a gordura, em vez da glicose, como fonte de energia, gerando o beta-hidroxibutirato (BHB) como metabólito.
De acordo com o coautor da pesquisa, Puneeth Guruprasad, as células CAR-T têm preferência por utilizar o BHB como combustível em vez da glicose, o que poderia potencializar sua ação contra o câncer. Para validar essa hipótese, os cientistas administraram um suplemento de BHB em camundongos com tumores que receberam as CAR-T, resultando em uma melhor performance dessas células contra as células malignas e na completa destruição dos tumores.
Especialistas da área, como a hematologista Lucila Kerbauy, veem com otimismo esses achados, apontando o BHB como um metabólito capaz de melhorar a atividade antitumoral e a proliferação das CAR-T. No entanto, ressaltam a importância de estudos clínicos para determinar a eficácia desse método em pacientes reais. A equipe dos EUA já iniciou um estudo clínico de fase 1 para avaliar a segurança e eficácia da suplementação com BHB em pessoas com câncer.